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Pesquisa mostra primeira queda no endividamento global das empresas em 8 anos

O Índice Janus Henderson mostra como as empresas internacionais estão reduzindo suas dívidas líquidas

Países estão pagando dívidas (hudiemm/Getty Images)

Países estão pagando dívidas (hudiemm/Getty Images)

A dívida líquida das empresas do mundo inteiro está diminuindo pela primeira vez em oito anos.

Essa é a conclusão do Índice Janus Henderson sobre a Dívida Corporativa, publicado nesta quarta-feira, 6, que mostra como as empresas internacionais estão pagando suas dívidas pela primeira vez desde 2014/2015.

Segundo o documento, o lucro operacional aumentou 51,4%, atingindo um recorde de US$ 3,360 bilhões em 2021/22, com um aumento significativo da liquidez.

Um resultado que permitiu financiar investimentos, pagar dividendos recordes, realizar programas de recompras de ações e pagar os juros da dívida.

Consequentemente, a dívida líquida global das empresas diminuiu 1,9%, atingindo US$ 8,150 bilhões em 2021/22, com redução de 0,2% em valores constantes.

No Brasil, o endividamento líquido das empresas diminuiu 7,2% entre 2021 e 2022, passando de US$ 95 bilhões par US$ 82 bilhões.

Mais da metade das empresas analisadas reduziram a dívida líquida

Pouco mais da metade das empresas analisadas pelo relatório da Janus Henderson (51%) reduziram a dívida líquida.

As empresas fora dos Estados Unidos foram as mais ativas nessa redução do endividamento, com 54% delas tendo atuado nessa direção.

Um quarto das empresas do Índice Janus Henderson não tem dívidas. São empresas que possuem uma liquidez combinada de US$ 10 trilhões.

Metade desse valor pertence a nove grandes empresas, especialmente do setor tecnológico, como Alphabet (GOGL34), Samsung, Apple (AAPL34) e Alibaba (BABA34).

As medidas de sustentabilidade da dívida melhoraram de forma significativa em 2021/22, com uma redução de 5,7 pontos percentuais da relação dívida/capital próprio, que chegou em 52,6%.

Três quartos dos setores analisados no relatório tiveram uma melhora na relação dívida/capital próprio.

O percentual do lucro operacional absorvido pelas despesas com juros caiu para a mínima desde a criação do índice, há oito anos atrás, para 11,3%.

Uma porcentagem obtida graças às baixas taxas de juros globais e altas margens de lucro.

Previsão é redução da dívida no futuro

O relatório da Janus Henderson prevê que a dívida líquida diminua ainda mais no próximo ano, à medida que o aumento das taxas de juros e a desaceleração econômica global leve as empresas a serem mais cautelosas.

A Janus Henderson estima que a dívida líquida cairá US$ 270 bilhões (-3,3%) em moeda constante, chegando a US$ 7,9 trilhões no próximo ano.

Os maiores cortes de dívida estão previstos nos setores de

  • energia
  • mineração
  • automotivo

Os produtores de petróleo e gás já reduziram a dívida em US$ 155 bilhões, um sexto a menos em relação ao ano anterior, graças ao aumento dos preços da energia, que resultou em uma reviravolta significativa para o setor.

O rápido crescimento da liquidez das mineradoras do mundo inteiro permitiu reduzir a dívida, em média, cerca de 25%.

Já nos demais setores, a escassez de componentes limitou as vendas de automóveis, mas permitiu vendas com margens maiores, reduzindo a necessidade de financiamento dos programas de crédito ao consumidor das montadoras.

Oportunidade de investimento para detentores de debêntures

Nos mercados dos títulos da dívida corporativa, os rendimentos aumentaram significativamente, especialmente no segmento high yield.

As empresas estão reagindo a essa alta do custo de emissão de novos papéis pagando a dívida anterior e evitando a rolagem.

Por isso, o valor nominal das debêntures caiu US$ 115 bilhões desde o início de junho de 2021.

Para a Janus Henderson, as empresas resistirão à crise econômica usando a liquidez para reduzir ainda mais a dívida líquida, em vez de recorrer a novos empréstimos. Uma estratégia justificada também para evitar de perder dinheiro em um cenário de elevada inflação.

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