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Desaba captação externa com crise na Líbia após alta do juro

Votorantim e BB venderam em fevereiro US$ 1,1 bi de títulos em dólares, menor volume mensal de emissões brasileiras desde junho

Protesto em Tobruk, na Líbia: 2010 foi ano de recorde de emissões no exterior (AFP)

Protesto em Tobruk, na Líbia: 2010 foi ano de recorde de emissões no exterior (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2011 às 08h27.

Nova York - A captação externa por parte de empresas brasileiras caiu para o menor nível em oito meses por conta da crescente turbulência política no Oriente Médio e o risco de uma guerra civil na Líbia. Os rendimentos desses papeis chegaram perto do maior patamar em seis meses.

O Banco Votorantim SA e o Banco do Brasil SA venderam neste mês US$ 1,1 bilhão de títulos em dólares, o menor volume mensal de emissões por empresas do País no mercado internacional desde junho. Em janeiro, esse tipo de captação somou US$ 10,5 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento médio da dívida corporativa brasileira subiu para 6,26 por cento em 10 de fevereiro, o maior nível desde 2 de agosto. Em 25 de fevereiro, a taxa média voltou a 6,19 por cento, de acordo com o JPMorgan Chase & Co. Nos Estados Unidos, as captações em fevereiro cairam para US$ 76 bilhões após recorde de US$ 161 bilhões em janeiro.

As companhias estão evitando o mercado internacional após revoltas populares do Egito ao Bahrein provocarem a disparada dos preços do petróleo e um aumento do custo de financiamento. No ano passado, as empresas brasileiras aproveitaram o apetite de estrangeiros por papéis que ofereciam mais rendimento que títulos europeus, norte-americanos e japoneses, e venderam US$ 36,7 bilhões no exterior, um recorde.

“O mercado de crédito continua aberto, mas há claramente uma certa preocupação com as perspectivas da economia global, e, especificamente, com o impacto do preço mais alto do petróleo no crescimento mundial”, Alexei Remizov, chefe de mercados de capital de dívida brasileira no HSBC Holdings Plc, disse numa entrevista por telefone de Nova York. “O mercado está um pouco apreensivo por causa da incerteza sobre os desdobramentos futuros no Oriente Médio.”


Cyrela, Braskem

O receio de que a turbulência que reduziu a produção petrolífera da Líbia se espalhe levou o preço do barril a registrar a maior alta semanal em dois anos na semana passada. Manifestações populares por mais direitos e transparência governamental tomaram as praças do Iêmen, do Egito, do Iraque, da Tunísia e da Jordânia no dia 25 de fevereiro, duas semanas após a queda do presidente egípcio Hosni Mubarak.

O barril de petróleo chegou à máxima em 29 meses no dia 24 de fevereiro ao ser negociado a US$ 103,41.

A construtora Cyrela Brazil Realty SA Empreendimentos e Participações e a Braskem SA, a maior petroquímica da América Latina, adiaram planos de emitir dívida no exterior após a crise no Egito elevar o custo de emissões, segundo reportagem publicada pelo Valor Econômico em 4 de fevereiro. O jornal com sede em São Paulo não revelou a origem da informação.

Instabilidade

A assessoria de imprensa contratada pela Cyrela em São Paulo se recusou a comentar o assunto. A diretora financeira da Braskem, Marcela Drehmer, não estava disponível para comentar, segundo representante da assessoria de imprensa da companhia.

“Emissores e banqueiros não gostam de instabilidade, e isso dificulta a definição do preço das transações por causa da volatilidade nos mercados secundários”, Bevan Rosenbloom, estrategista da RBS Securities Inc. em Stamford, Connecticut, disse em entrevista por telefone. “Os emissores podem ter de pagar um prêmio de estabilidade agora, e não é isso o que eles queriam.”

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