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Dalio vê dinâmica de bolha no mercado e diz que comprar títulos é estúpido

Fundador do maior hedge fund do mundo diz que há tanto dinheiro injetado nas economias pelos BCs mundiais que os mercados hoje são como "um cassino, com pessoas jogando com dinheiro artificial"

 (Bloomberg/Getty Images)

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Paula Barra

Publicado em 16 de março de 2021 às 15h53.

Para Ray Dalio, da Bridgewater Associates, fundador do maior hedge fund do mundo, com os juros "ridiculamente baixos" globalmente, o investimento em títulos públicos "tornou-se estúpido".

"A economia de investir em títulos (e na maioria dos ativos financeiros) se tornou estúpida", disse o gestor em uma postagem no Linkedin na segunda-feira.

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O gestor disse que, para tentar contornar a crise da covid, os bancos centrais precisaram usar uma enorme munição monetária, imprimindo muito dinheiro para comprar títulos da dívida do governo. "Eles fizeram tanto isso que baixaram as taxas dos rendimentos para níveis 'artificialmente' baixos, o que sustentou 'artificialmente' os preços dos ativos financeiros".

"Agora, há tanto dinheiro injetado nos mercados e na economia que os mercados são como um cassino com pessoas jogando com dinheiro artificial. Eles estão comprando todos os tipos de coisas e reduzindo os rendimentos de tudo. Agora você tem ações que subiram e a clássica dinâmica de bolha em vários ativos diferentes".

Dalio comenta que o objetivo do investimento é criar uma reserva de valor que pode ser convertida em poder de compra no futuro. No entanto, com a trajetória de queda das taxas de juros, que levaram alguns títulos a entregarem retorno real negativo, essa necessidade não tem sido atendida.

Ele cita, por exemplo, que o investidor que aplicasse em títulos do governo dos Estados Unidos agora teria que esperar 500 anos para ter seu poder de compra de volta, considerando a inflação. Já na Europa ou no Japão, isso nunca seria possível. "Na verdade, se você comprar títulos desses países agora terá a garantia de que terá bem menos poder de compra no futuro".

Portanto, "em vez de receber menos do que a inflação, por que não comprar coisas – qualquer coisa – que entregue retorno igual ou melhor que a inflação?", indaga Dalio.

Diante do montante crescente em dívidas governamentais e vendo "dinâmica de bolha clássica" entre muitas classes de ativos diferentes, o gestor defende um portfólio "bem diversificado" de ativos não relacionados a dívidas e não denominados em dólares.

Ele também disse que acredita que os ativos em países desenvolvidos com moeda de reserva terão um desempenho inferior aos dos mercados emergentes asiáticos (incluindo o chinês).

Dalio comenta ainda que acredita que, se a história servir de guia, os formuladores de políticas que hoje estão com pouco dinheiro poderão aumentar os impostos, assim como não deverão gostar do movimento do mercado de capital de ativos de dívidas para outros ativos e domínios fiscais, o que poderia os levar a impor restrições contra movimentos para outros mercados (por exemplo, ouro, bitcoin, entre outros). "Essas mudanças fiscais podem ser mais chocantes do que o esperado", escreve.

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