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Dados de vacina da Astra levantam dúvidas entre analistas

Os resultados mostraram que a vacina impediu que uma média de 70% dos pacientes adoecessem

Vacinas: as ações da Astra caíram 3,3% nas negociações em Londres, para o nível mais baixo em quase três semanas (gett/Getty Images)

Karla Mamona

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 14h31.

Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 14h56.

Resultados de um estudo da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford receberam avaliação negativa de pelo menos um analista de sell-side, enquanto Wall Street ainda digere o futuro de uma vacina potencialmente menos eficaz.

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Os resultados mostraram que a vacina impediu que uma média de 70% dos pacientes adoecessem. No entanto, a formatação dos dados pela empresa, que destacou uma eficácia de 90%, atraiu ceticismo do analista Geoffrey Porges, do SVB Leerink.

O analista disse que a empresa destacou os resultados de um grupo “relativamente pequeno” de voluntários no teste e não obteria a aprovação dos Estados Unidos com base na falta de diversidade entre os participantes, escreveu em relatório.

Ruud Dobber, responsável pela unidade de biofarmacêuticos da Astra, disse que os comentários do SVB Leerink foram duros. “Acho que é muito cedo para especular sobre como os reguladores vão reagir”, disse à Bloomberg TV em resposta a perguntas sobre o relatório.

O SVB Leerink tem recomendação outperform para a ação da Astra com preço-alvo de 65 dólares.

As ações da Astra caíram 3,3% nas negociações em Londres, para o nível mais baixo em quase três semanas. Porges também disse que representantes da Astra e de Oxford seriam “duramente criticados” por uma divulgação de segurança “dificilmente tranquilizadora”. O braço americano do estudo foi suspenso por quase sete semanas em setembro, após um evento adverso envolvendo um participante no Reino Unido.

O estudo nos Estados Unidos trabalha com um regime de duas doses atualmente e cerca de 10.500 participantes já receberam as duas injeções. Astra e Oxford disseram que vão falar nesta semana com a FDA, que regula fármacos e alimentos nos Estados Unidos, sobre a criação de uma unidade separada do estudo para testar o regime de dose mais baixa e mais eficaz, e admitiram que isso poderia afetar a velocidade de aprovação na região.

Porges não está sozinho em Wall Street ao questionar os resultados da Astra e Oxford. Michael Yee, analista da Jefferies, classificou os resultados como divergentes e destacou que os dados das concorrentes, como da Pfizer e parceira BioNTech, assim como da Moderna, parecem mais sólidos.

Embora o programa Astra-Oxford tenha eficácia positiva, Yee questionou quais países escolheriam usar a vacina que tem eficácia notavelmente inferior. “Ter qualquer caso de covid implica um grande risco, então por que não usar as melhores [ vacinas ], e quais populações de cidadãos estariam bem sabendo que estão recebendo uma com eficácia notavelmente inferior?”, pergunta Yee.

Vantagem de armazenamento

Representantes da Oxford e Astra disseram em conferência de imprensa na segunda-feira que ainda não sabiam por que a dose mais baixa produziu uma resposta mais eficaz e buscarão entender melhor o motivo com o estudo dos dados, que serão revisados por pares durante as próximas semanas.

Apesar de não mostrar a mesma eficácia das vacinas da Pfizer e Moderna, um ponto positivo da Astra é o armazenamento. A vacina Astra-Oxford só precisa ser mantida em temperatura de geladeira, ao contrário das outras duas, que devem ser congeladas para uso no longo prazo. Isso torna a vacina da Astra muito mais importante para países em desenvolvimento.

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