CVC tenta reestruturar negócio (CVC/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 2 de junho de 2023 às 16h34.
Última atualização em 2 de junho de 2023 às 21h15.
A CVC (CVCB3) já tem um substituto para Leonel Andrade. A empresa confirmou a apuração da EXAME Invest da tarde desta sexta-feira, 2, e anunciou Fabio Godinho, criador da proptech MyDoor, como novo CEO. Godinho também já havia sido da própria CVC, comandando a área de Produtos e Marketing.
O fato relevante publicado perto das 20h desta sexta-feira, também confirmou a volta de Guilherme Paulus, fundador da empresa em 1972, à base acionária da empresa. Por meio da GJP Fundo de Investimento em Ações, o empresário celebrou um acordo com o fundo Opportunity, atualmente dono de quase 20% da CVC, para fazer um investimento de R$ 75 milhões na companhia. A empresa pretende fazer uma nova oferta de ações (prevista para acontecer em até 60 dias), para levantar recursos que serão utiliziados para sanear sua estrutura de capital. O acordo também prevê um acordo de voto entre Paulus e os acionistas.
Inicialmente, a companhia falava em uma emissão de ações no valor de R$ 125 milhões. Esse patamar mudou. Agora, a emissão será de no mínimo de R$ 200 milhões, com a possibilidade de uma captação adicional de, no mínimo, R$100 milhões. Essa emissão, porém, pode ser muito maior, a depender do apetite do mercado. O que a decisão do conselho prevê, agora, é que quem subscrever terá a opção de subscrever, em determinado valor, uma ação. A relação é de 2 para 1.
Para o investimento de Paulus, a alocação deve corresponder ao valor do investimento pelo preço de até R$3,00 por ação. O empresário não vai participar do processo de formação de preço da oferta. Caso o preço do papel não fique nesse patamar, Paulus terá a opção, mas não a obrigação, de subscrever.
Por isso, explica uma pessoa próxima à negociação, o espaço da GJP está garantido. O Opportunity pode entrar na oferta, mas se todo mundo exercer a subscrição, o GJP está garantido porque o Opportunity cederá o espaço, ou seja, uma fatia de sua participação no capital social.
Procurado pela EXAME Invest, Guilherme Paulus inicialmente negou as conversas com a CVC e disse não ter interesse em voltar ao negócio. “Estou feliz com minha atuação na área de enoturismo”, respondeu referindo-se ao Castelo Saint Andrews e o Terroir Wine Sperience, negócios criados por ele depois da saída da CVC. Paulus também é fundador da Webjet e da rede de hotelaria GJP Hotels &Resort. Guilherme Paulus saiu da CVC em 2009, depois de vendê-la para a empresa de private equity, Carlyle.
Na última teleconferência de resultados, a CVC apresentou os pontos do acordo com credores que previam uma oferta subsequente de R$ 125 milhões até novembro para levantar dinheiro para o pagamento da dívida. A CVC tinha um passivo a vencer de R$ 655 milhões até junho, mas que foi reduzido para R$ 124 milhões após acordo. Depois, a companhia teria R$ 77 milhões para pagar no quarto trimestre de 2024, R$ 313 milhões no quarto trimestre de 2025 e R$ 382 milhões a pagar no último trimestre de 2026. O acordo foi desenhado pelo ex-CEO, Leonel Andrade, em mais uma das tentativas do executivo de negociar as dívidas da companhia – uma missão que assumiu no começo de 2020.
A reportagem não conseguiu contato com Fabio Godinho.
Em 25 de maio, a empresa anunciou Carlos Wollenweber, ex-Even, como novo CFO da companhia. Desde 2020, Wollenweber atuava como diretor financeiro na Even e, posteriormente, de sua controlada MelnickEven. O executivo foi o primeiro nome escolhido para o alto comando no desafio da companhia de reestruturar seu capital, enquanto precisa vencer a disputa com as agências de turismo digitais.