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Crise bancária aproxima EUA de recessão e vantagem para bancões é "injusta", diz dirigente do Fed

Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, disse que ainda não está clara a dimensão do efeito no crédito

Neel Kashkari: riscos aumentados com crise bancária (Roy Rochlin/Getty Images)

Neel Kashkari: riscos aumentados com crise bancária (Roy Rochlin/Getty Images)

Publicado em 26 de março de 2023 às 17h20.

Última atualização em 27 de março de 2023 às 12h54.

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que a situação bancária dos Estados Unidos aproxima o país de uma recessão, sobretudo caso uma crise de crédito avance. Mas ressaltou que essa possibilidade está somente sendo analisada, uma vez que não é clara ainda a dimensão do efeito no crédito.

O comentário foi feito no programa Face the Nation da emissora CBS News, veiculado neste domingo, 26.

Perguntado na entrevista se a turbulência bancária poderia afetar a concessão de crédito e o setor imobiliário, por exemplo, e ter "efeitos reais na economia" a ponto de levar os EUA "a uma recessão", Kashkari admitiu que o cenário "definitivamente nos deixa mais perto". 

"Bem, isso definitivamente nos deixa mais perto agora [de uma recessão]", disse.

"O que não está claro para nós é quanto dessas tensões bancárias estão levando a uma crise de crédito generalizada. E então essa crise de crédito, você está certa, assim como você disse, desaceleraria a economia. Isso é algo que estamos monitorando muito, muito de perto", respondeu Kashkari à entrevistadora.

A crise começou sobretudo após a quebra do Silicon Valley Bank, banco focado em empresas de tecnologia nos EUA. Após o caso do SVB, a confiança em todo o sistema bancário foi colocada em xeque. O risco de uma "corrida aos bancos" espirrou até mesmo para o Credit Suisse na Europa, além de outras instituições.

Na outra ponta, Kashkari disse que a crise pode desacelerar a inflação, exigindo menor aperto monetário. "Agora, por um lado, tais tensões poderiam então derrubar a inflação. Portanto, teríamos que trabalhar menos com os Fed Funds para trazer a economia a um equilíbrio."

"Mas, no momento, não está claro o impacto que essas tensões bancárias terão na economia. Mas é algo para observar com muito cuidado. E é nisso que estamos focados", completou o dirigente do Fed.

No programa, Kashkari ainda afirmou que o sistema bancário norte-americano é resiliente, com forte posição de capital e "bastante" liquidez. "Não estou dizendo que a turbulência ficou para trás, espero ainda que o processo leve um tempo. Mas, fundamentalmente, o sistema bancário está em boas condições."

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Regulação de bancos

Perguntado se deveria haver maior regulação de bancos médios, Kashkari disse que as vantagens dos grandes bancos tornam o cenário "injusto" e colocam pressão adicional nos bancos médios. Ele citou o caso do Credit Suisse, gigante que foi socorrido pelo governo suíço e está em processo de compra pelo rival UBS.

Esses grandes bancos, na visão do dirigente do Fed, ainda são "grandes demais para falhar" (no ditado "too big too fail", em inglês), e isso faz com que sejam socorridos. Para Kashkari, é preciso repensar a regulação de modo que bancos regionais ainda tenham espaço para competir.

"Temos questões fundamentais, questões regulatórias enfrentadas pelo nosso sistema bancário. Argumentei durante anos que os maiores bancos do mundo ainda são grandes demais para falir. Esta questão agora está fora de dúvida. certo? A razão pela qual os depósitos estão fluindo para os grandes bancos, a razão pela qual o Credit Suisse foi socorrido pelo governo suíço é porque os bancos têm essa posição privilegiada, e isso é injusto. É um campo de atuação injusto que coloca enorme pressão sobre os bancos regionais e comunitários, e isso precisa ser resolvido", disse.

"Assim que passarmos por esse período de estresse, temos que criar um sistema regulatório que garanta a solidez de nosso sistema bancário, mas também seja justo e, mesmo assim, os bancos comunitários e os bancos regionais possam prosperar. Não temos isso hoje." Veja a íntegra da entrevista de Kashkari.

 

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