BTG Pactual: Desde o início de novembro, companhias anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos, sendo pelo menos R$ 35,7 bilhões classificados como extraordinários (Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 15h16.
Empresas listadas na bolsa brasileira estão antecipando pagamentos de dividendos para evitar a nova tributação de 10%, que entra em vigor em 2026. A corrida foi prevista por analistas de mercado e já movimenta cifras bilionárias.
Desde o início de novembro, companhias anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos, sendo pelo menos R$ 35,7 bilhões classificados como extraordinários, de acordo com relatório divulgado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
A nova legislação, sancionada pelo governo após aprovação no Congresso, acaba com a isenção fiscal sobre dividendos em vigor desde 1996. Pela regra, dividendos declarados em 2025 com base nos lucros obtidos até 2024 (inclusive reservas e lucros acumulados) ainda seguirão isentos. Por isso, empresas com caixa elevado e baixa alavancagem têm acelerado a distribuição.
Em relatório publicado em 30 de outubro, antes da aprovação da lei, o BTG Pactual já previa esse movimento. O banco destacou setores e empresas com maior potencial de pagamentos extraordinários. A projeção se confirmou com os anúncios recentes.
Entre os destaques estão Itaú (R$ 23,4 bilhões), Vale (R$ 15,3 bilhões), Petrobras (R$ 12,2 bilhões) e Axia (R$ 4,3 bilhões).
O setor imobiliário tem ganhado atenção com seis empresas anunciando dividendos adicionais, como Even (9,6% de yield), Trisul (6,5%) e Eztec (5,0%). No varejo, a Vulcabras pagou dividendo com yield de 9,5%. A Marcopolo também anunciou R$ 0,69 por ação, o que representa um retorno de 10%.
Segundo os analistas, as empresas brasileiras cumulavam R$ 548 bilhões em lucros e reservas no fim do terceiro trimestre, cerca de 20% do valor de mercado. Mesmo que parte não seja distribuída, a expectativa é que o movimento continue nas próximas semanas.
Uma parcela dos valores pode retornar ao mercado acionário, sustentando a valorização recente. O volume negociado no Ibovespa gira em torno de R$ 24 bilhões por dia. Além disso, empresas têm até 2028 para efetivar os pagamentos, o que pode diluir o impacto imediato.