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Copom ‘hawkish’? BC reforça mensagem em nova decisão, diz Rio Bravo

Luca Mercadante, economista da gestora, destaca preocupação fiscal como uma das principais novidades do comunicado

Selic: Copom manteve taxa básica de juros em 13,75% ano ano (Marcello Casal jr/Agência Brasil)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 27 de outubro de 2022 às 15h19.

Última atualização em 27 de outubro de 2022 às 15h54.

Em movimento amplamente esperado pelo mercado,o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)decidiu, nesta quarta-feira, 26, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. O patamar já havia sido definido em agosto, após 12 altas consecutivas – esta foi a segunda decisão pela manutenção da taxa.

O comunicado não trouxe surpresas, e, apesar da manutenção, reforçou um tom mais duro, avalia Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, em entrevista à EXAME Invest.

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“O comunicado reforça que o BC deixou de subir os juros mas segue vigilante e não irá hesitar em subir os juros caso a dinâmica não melhore. Foi uma comunicação ligeiramente mais ‘hawkish’”, afirma.

Mercadante destaca, no entanto, algumas novidades na comunicação do BC: o peso dado aos números de 2024, que entram agora na equação; uma desaceleração da atividade econômica e, por fim, uma maior cautela com o cenário fiscal para o próximo ano.

“A inclusão do fiscal é a principal novidade do comunicado, com o Copom sinalizando uma possibilidade de que o cenário atrapalhe a dinâmica de desinflação e, consequentemente, a trajetória dos juros. É uma forma de sinalizar uma posição mais conservadora”, diz.

A projeção da Rio Bravo é que o Copom comece a cortar a Selic a partir de junho do próximo ano, no final do segundo trimestre. A expectativa é que a taxa encerre 2023 em 11,75% ao ano. Confira abaixo os principais pontos da entrevista:

Já imaginávamos que o BC iria manter a taxa, assim como esperava o mercado. Dados do IPCA-15 reforçaram essa ideia, com dinâmicas benignas principalmente na inflação subjacente.

Mas há novidades interessantes. O BC começa a dar peso para 2024 e olha ainda para uma atividade econômica que começa a desacelerar, o que também poderia justificar um momento de estabilização da taxa para avaliar a nova dinâmica.

A inclusão do fiscal é a principal novidade do comunicado, com o Copom sinalizando uma possibilidade de que o cenário atrapalhe a dinâmica de desinflação e, consequentemente, a trajetória dos juros. É uma forma de sinalizar uma posição mais conservadora.

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Na decisão passada a novidade era maior, nós mesmos esperávamos que a taxa subisse para 14%. Boa parte do discurso já estava posto, mas o BC coloca novas questões, como a questão fiscal, que mantém o tom mais duro.

O comunicado reforça que o BC deixou de subir os juros mas segue vigilante e não irá hesitar em subir os juros caso a dinâmica não melhore. Foi uma comunicação ligeiramente mais ‘hawkish’.

A falta de unanimidade na última decisão faz parte da sinalização que o Copom queria dar ao mercado. Dava mais força ao indicativo de que, se a dinâmica piorasse, o BC voltaria a subir os juros.

Agora, com a dinâmica de dados de inflação um pouco melhor, existem sinais de desinflação que dão mais segurança. Assim, a unanimidade pela manutenção da taxa não preocupa o mercado.

O BC já espera que o Fed siga subindo os juros. Para influenciar, seria necessária uma grande novidade – como uma sinalização de que o Fed irá muito além do esperado. Essa mudança de trajetória pode, inclusive, ser apenas a manutenção dos juros mais altos por mais tempo. Não acredito em um novo aumento da Selic nos próximos meses.

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