Economia

Copom anuncia nova Selic: o que esperar e o que observar no comunicado

Taxa básica de juros deve subir para 10,75% ao ano, maior patamar desde 2017; economistas do BTG Pactual digital apontam que tom hawkish deve seguir

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central: mercado aposta em taxa básica de juros acima de dois dígitos neste começo de 2022 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central: mercado aposta em taxa básica de juros acima de dois dígitos neste começo de 2022 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 2 de fevereiro de 2022 às 07h06.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2022 às 07h08.

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O processo de aperto monetário do Banco Central do Brasil (BCB) ganha novo capítulo nesta quarta-feira, dia 2, com a primeira decisão do Copom em 2022. A taxa atualmente no patamar de 9,25% ao ano deve subir 1,5 ponto percentual (150 pontos-base) e passar à casa de dois dígitos, em 10,75%, segundo o consenso de mercado.

De 37 economistas consultados pela Bloomberg, 36 apostam em aumento nessa magnitude, e apenas um diz esperar uma alta de 1,25 ponto percentual. A decisão será anunciada às 18h30.

A confirmação desse prognóstico levará a taxa básica de juros ao maior patamar em quase cinco anos, desde abril de 2017, quando ela ficou em 12,25% ao ano.

"O BCB deve adotar uma postura hawkish não apenas pelo endurecimento do Fed no comitê do último dia 26 mas sobretudo pelas expectativas de IPCA, que voltaram a piorar nas últimas semanas, refletindo dados ruins de IPCA-15 e IGP-M divulgados na semana passada", escrevem em relatório economistas do time de Macro & Estratégia do BTG Pactual digital (BPAC11), liderados pelo economista-chefe Álvaro Frasson. Assinam também o relatório Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis.

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A mediana das expectativas para o IPCA ao fim de 2022, que consta do último Boletim Focus, aponta uma taxa de 5,38%, acima, portanto, do teto da meta de inflação, que é de 5,00% -- o centro da meta está em 3,5% e há margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Há quatro semanas, a mediana das expectativas estava em 5,01%.

Para 2023, a mediana das expectativas no Focus passou de 3,41% há quatro semanas para 3,50%. O centro da meta de inflação para 2023 é de 3,25%.

"Preços das commodities em alta e níveis de estoques ainda baixos pelo avanço da ômicron também pesaram para a inflação esperada voltar a rodar acima do teto da meta", escrevem os economistas.

Eles lembram que, no comunicado junto com a última decisão, em dezembro, o Copom trouxe a mensagem de que “irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

A projeção da equipe do BTG Pactual digital é que a Selic chegue a 12,25% ao ano ao fim do atual ciclo de aperto monetário, com mais três altas contando a decisão desta quarta.

Na avaliação dos economistas do BTG Pactual digital, bem como de boa parte do mercado -- embora não de forma tão consensual --, apesar do esperado tom contracionista, o Copom deve retirar a referência a um aumento da taxa na mesma magnitude de 150 pontos-base para a reunião seguinte, em meados de março, o que deixaria alguma flexibilidade na mesa.

Com a nova taxa nesta quarta, será a primeira vez em um ano e meio que a taxa de juro real presente voltará a ficar positiva, dado que a inflação acumulada em 12 meses estava em 10,06% no fechamento de 2021.

A taxa de juro real futura, no entanto, está na casa de 6 pontos percentuais há algum tempo, dado que tanto a curva de juros como as projeções contidas no Boletim Focus apontam para uma Selic na casa de 11% a 12% em 12 meses, enquanto as estimativas para a inflação medida pelo IPCA no mesmo intervalo estão entre 5% e 6%.

 

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