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Copom anuncia juro e mercado espera por sinais sobre a taxa em 2021

Investidores e analistas aguardam por novidades sobre o forward guidance, a sinalização dos juros para os próximos meses; decisão sai às 18h30

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 05h40.

Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 08h33.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia às 18h30 desta quarta-feira, 9, a taxa básica de juros, a Selic, na última reunião de 2020. A taxa está em 2% ao ano desde agosto. Mais importante, analistas e investidores aguardam por eventuais novidades relacionadas ao forward guidance, o instrumento de política monetária que sinaliza o que deve acontecer com o juro no médio prazo respeitadas certas condições.

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O Copom deu início ao encontro na véspera, no mesmo dia em que o IBGE informou que a inflação ao consumidor medida pelo IPCA em novembro foi a maior para o mês em cinco anos: 0,89%. A taxa acumulada em 12 meses saltou de 3,92% para 4,31%, acima, portanto, do centro da meta de inflação para 2020, de 4%. Os preços naturalmente mais voláteis de alimentos e combustíveis têm pressionado o índice nos últimos meses.

Mais importante para a tomada de decisão do Copom, no entanto, as expectativas de inflação tanto para 2021 como para 2022 continuam ancoradas e abaixo e em linha com o centro da meta, em 3,34% e 3,5%, respectivamente. A meta é de 3,75% (2021) e 3,50% (2022).

Em discursos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, destacou que a autarquia já não tem instrumentos capazes de agir sobre a inflação em 2020 e que tem como horizonte relevante para a política monetária os anos de 2021 e 2022.

Na reunião de agosto, o BC adotou o forward guidance, conhecido em português como prescrição futura, na qual indica uma posição sobre os juros respeitadas certas condições. Para analistas do Citi, esse instrumento será mantido no comunicado desta quarta, mas com mais ressalvas.

"A materialização dos riscos fiscais pode prejudicar o forward guidance. No todo, acreditamos que a comunicação do Copom provavelmente adotará uma postura de maior cautela no curto prazo e sinalizará uma política monetária mais dependente de dados e eventos no médio, longo prazo", disse o banco em nota.

Sem cortes no curto prazo

O Citi tem expectativa de que o BC promova mudanças em mais dois eixos de seu guidance de política monetária, esperando que o BC "reconheça que o espaço restante para flexibilização monetária adicional se esgotou no curto prazo e que uma possível flexibilização adicional ocorreria sob o gradualismo adicional, mas não no curto prazo".

Para Arthur Mota, economista da EXAME Research, o resultado mais elevado do IPCA em novembro não deve assustar o Banco Central. "O número continua mostrando pressão de curto prazo, mas não deve alterar a prescrição futura -- dado que o regime fiscal não foi formalmente rompido e as expectativas de inflação seguem relativamente estáveis para o fim do próximo ano", escreveu em relatório. Ele diz que a Selic continua em 2% nesta quarta.

Na avaliação do Itaú Unibanco, uma provável manutenção da Selic em 2% estaria em linha com as comunicações recentes do BC. Mas o maior banco privado do país lembra a indicação de que mudanças de política que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto de gastos ainda seja nominalmente mantido.

"Esperamos a manutenção do forward guidance na sua forma atual, mas com uma indicação mais enfática de que as condicionalidades serão constantemente reavaliadas", disse o Itaú em relatório específico sobre as expectativas para o Copom.

Em declarações recentes, Campos Neto tem destacado que o instrumento de forward guidance está muito ligado à parte fiscal. "Batemos muito nessa tecla do fiscal, achamos que é muito importante a continuação dessa mensagem de que o equilíbrio fiscal é muito relevante para condução da política monetária", afirmou em evento em novembro.

O banco suíço UBS espera que o comunicado do BC ao fim da reunião do Copom seja o mesmo de outubro, exceto pelo ambiente "ligeiramente melhor" para mercados emergentes desde as recentes notícias sobre vacinas e o resultado das eleições norte-americanas.

Nesse contexto, "o BC deve esperar até o primeiro trimestre de 2021 para decidir se mantém ou remove sua orientação futura", já que o cenário para inflação e Selic continua a depender da evolução fiscal.

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