CONSTRUTORAS: ações vivem período de euforia na bolsa, mas receita deve continuar ruim em 2017 / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 19h00.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h19.
Cada vez que a expressão “redução de juros” vem à tona, as ações das construtoras disparam. O movimento se repetiu ontem após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, que mostrou que os cortes de juros mais agressivos devem continuar nos próximos encontros. As ações da Rossi dispararam 43,10%, as da Viver e da PDG, 34%. Desde o início do ano, as ações da PDG subiram 194%, as da Rossi dispararam 145%, e os papéis da única do setor que pertence ao Ibovespa, a Cyrela, subiram 24%.
Para analistas, a alta deve continuar a cada novo movimento do Banco Central, mas uma sustentação no médio prazo vai depender de os resultados de fato avançarem. “As ações sempre têm um movimento antecipado. Na economia real, as construtoras estão longe de sair do buraco, mas a perspectiva de retomada de crédito deve melhorar a vida do setor”, diz Roberto Indech, analista-chefe da corretora Rico.
A explicação principal é que a queda de juros demora a ser repassada para o consumidor e o crédito deve voltar a ser liberado pelos bancos aos poucos. Além disso, indicadores importantes para a retomada do setor como desemprego, renda e confiança do consumidor tendem a continuar ruins ou se deteriorarem ainda mais ao longo deste ano.
Analistas alertam que em casos de empresas mais problemáticas como a PDG – que vive à beira da recuperação judicial – e da Rossi – que tenta negociar uma dívida de 2 bilhões com credores – há muito a ser feito antes que elas voltem a crescer. Para outras companhias, a melhora está “encomendada”, mas deve vir somente em 2018. O ritmo da retomada no setor – assim como na economia – ainda é incerto. A única certeza é que os lucros recordes de 2010 devem demorar anos para voltar. Se voltarem, claro.