CONSTRUTORAS: companhias endividadas tem alta na bolsa, mas ainda enfrentam desafios / Germano Lüders
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2016 às 20h38.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h21.
Em um momento em que jargões como “fundo do poço” e “luz do fim do túnel” começam a aparecer no vocabulário de empresas de diversos setores no país, um, em especial, ainda não consegue enxergar recuperação. Ontem à noite, a construtora Direcional inaugurou a divulgação de resultados do setor com uma queda de 20% em seu lucro do segundo trimestre, para 22,1 milhões de reais.
Nesta terça-feira, é vez de a Cyrela divulgar seus resultados. Analistas do banco BTG Pactual estimam um lucro de 46,8 milhões de reais – uma queda de 60% na comparação anual. O resultado das duas companhias são um reflexo do setor que continua às voltas com problemas bem conhecidos: as vendas seguem desacelerando e os distratos continuam altos.
A visão no curto prazo não é muito animadora. Especialistas acreditam que os créditos bancários para financiamentos imobiliários devem continuar escassos pelo menos até 2017. ” A demanda vai continuar baixa porque não há crédito. Nós vemos uma recuperação do mercado apenas em 2018 ou 2019”, afirmou Dany Muszkat, um dos dois presidentes da construtora e incorporadora Even, em evento recente em São Paulo.
No fim de julho, a Caixa anunciou mudanças no financiamento imobiliário ao ampliar o teto do valor do financiamento do Sistema Financeiro Imobiliário de 1,5 milhão para 3 milhões de reais. A mudança deu uma força a mais para o setor, mas será preciso mais do que isso para uma retomada.
É claro que sempre há exceções. A MRV, que divulga seus números na quinta-feira, deve continuar com resultados fortes. Na prévia de resultados do segundo trimestre, as vendas cresceram 3,7%, para 1 bilhão de reais. Analistas do BTG estimam que seu lucro pode chegar a 165,7 milhões de reais – uma alta de 29% na comparação anual. A principal explicação é uma triagem mais rigorosa dos compradores adotada no ano passado, que derrubou o número de distratos. Para as construtoras, mais importante do que vender é para quem, a fim de evitar dor de cabeça lá na frente.