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Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2010 às 07h48.
Mercado quer detalhes sobre programas econômicos
Para maioria, eventual medida sobre câmbio deve esperar
Dia é mais influenciado por cenário externo cauteloso
SÃO PAULO, 4 de outubro (Reuters) - Os mercados brasileiros
reagiam sem solavancos à confirmação de um segundo turno na
eleição presidencial e, para alguns analistas, o adiamento do
resultado pode ser até uma chance para que os candidatos
apresentem com mais clareza suas propostas econômicas.
Enquanto discutiam as perspectivas para as próximas
semanas, investidores eram mais influenciados nesta
segunda-feira pelo tom volátil dos pregões internacionais.
Influenciavam os negócios as dúvidas sobre a recuperação da
atividade global e perspectivas de que o Federal Reserve tenha
que agir para estimular mais a retomada.
Às 10h46, o dólar subia 0,24 por cento, para 1,685
real, depois da queda recente que o colocou nos menores
patamares desde 2008, antes da piora da crise global com a
quebra do Lehman Brothers. O movimento estava alinhado ao do
exterior, em que a moeda norte-americana ganhava terreno frente
a uma cesta com as principais divisas .
O principal índice da Bovespa ganhava 0,32 por
cento, a 70.451 pontos, enquanto as projeções de juros locais
recuavam após o relatório Focus reduzir mais uma vez
a estimativa de inflação em 2011 [ID:nN0489235].
"Os mercados brasileiros devem considerar o resultado da
votação como positivo, já que (Dilma) Rousseff e (José) Serra
terão que detalhar mais suas agendas econômicas, dando aos
eleitores --e aos investidores-- mais informações sobre seus
planos", avaliou o RBC Capital Markets em relatório.
"Embora a expectativa seja de que ambos prometam
continuidade do atual programa econômico do presidente Lula,
algumas diferenças nas áreas de política fiscal e no tamanho do
Estado devem ser monitoradas."
O economista sênior do Goldman Sachs, Paulo Leme, também
comentou em relatório que o segundo turno "dará aos eleitores e
observadores mais dias para analisar as propostas" dos dois
candidatos. O segundo turno ocorre em 31 de outubro.
MAIS TEMPO PARA O CÂMBIO
A maioria dos analistas também considera que o segundo
turno irá postergar possíveis medidas mais contundentes do
governo para brecar a recente valorização do real.
Nos últimos dias havia crescido a expectativa de que,
passada a eleição presidencial, a equipe econômica poderia
adotar ações como aumento do IOF sobre alguns investimentos
estrangeiros.
"Havia certa expectativa de que o governo, logo após as
eleições no primeiro turno, poderia tomar uma medida um pouco
mais forte em relação ao câmbio. Com a postergação da decisão,
é evidente que o governo tende a ser mais cauteloso", disse
Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Safra de
Investimento.
"Essa campanha do segundo turno é interessante. Ambos os
candidatos terão que ser mais explícitos em seus programas de
governo, e também no campo econômico. O debate que não ocorreu
no primeiro turno vai ter que haver no segundo."
(Por Daniela Machado, com reportagem de Vanessa Stelzer e
Silvio Cascione; Edição de Aluísio Alves)