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Como a decepção com o PIB afeta os mercados e a bolsa

Especialistas reduzem perspectiva para crescimento em 2021; setor de serviços é a maior preocupação

Consumo das famílias fica estável e preocupa especialistas | Foto: Amanda Perobelli/ Reuters Business (Amanda Perobelli/Reuters Business)

Consumo das famílias fica estável e preocupa especialistas | Foto: Amanda Perobelli/ Reuters Business (Amanda Perobelli/Reuters Business)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 1 de setembro de 2021 às 15h50.

Última atualização em 5 de setembro de 2021 às 13h58.

Após trimestres seguidos de ganhos, a atividade econômica brasileira decepcionou. Divulgado nesta manhã pelo IBGE, o produto interno bruto (PIB) do segundo trimestre caiu 0,1% na comparação com os primeiros três meses do ano. 

O resultado veio abaixo da expectativa do mercado, que projetava um crescimento de 0,2% no trimestre e de 12,8% na comparação anual. Mesmo ficando apenas ligeiramente abaixo das expectativas, o dado já foi o suficiente para que algumas casas começassem a revisar suas previsões para 2021. O Goldman Sachs reduziu a estimativa de crescimento no ano de 5,4% para 4,9% e o BTG Pactual digital desistiu de sua perspectiva mais otimista para o PIB deste ano. 

“A ideia era fazer uma revisão altista para nossa previsão de crescimento mas, como os dados vieram abaixo do esperado, optamos por manter a previsão em 5,3%”, explica Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual digital.

A apreensão dos economistas se concentra principalmente na falta de reação do consumo da população. As despesas das famílias ficaram estagnadas no segundo trimestre apesar dos programas de auxílio do governo e da melhora no mercado de trabalho, que vem dando sinais de recuperação desde julho de 2020

“Estamos vendo um crescimento de vagas formais que não se traduz em aumento do consumo das famílias. Isso pode ser explicado pelo avanço da inflação, que causa uma perda de renda real da população e freia o consumo”, explica a Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital. 

E a preocupação pode ficar ainda maior quando a crise hídrica entrar na conta. “Para o próximo trimestre teremos pressão de preços em alimentos, combustíveis e energia, que são setores muito representativos da cesta da população mediana. É algo que pode impactar ainda mais o consumo”, afirma Damico. A Armor Capital, a propósito, revisou a expectativa de crescimento para o PIB de 5,5% para 5% em 2021. 

Na visão de Gustavo Arruda, diretor de pesquisas para América Latina do BNP Paribas, um racionamento de energia poderia impactar as perspectivas de crescimento também para 2022. “É um fator que ainda não está incorporado nos preços, mas é um risco importante. Um racionamento de energia poderia facilmente levar os números do PIB de 2022 para próximo de zero”, diz.  

Por enquanto, as revisões têm tido impacto marginal na bolsa de valores. Ainda assim, uma  expectativa menor de crescimento pode indicar dias mais difíceis para as empresas brasileiras e, consequentemente, para suas ações. “Na bolsa, o impacto pode ser maior para as empresas atreladas ao consumo – principalmente varejo físico e de rua – que estão contando com essa retomada da demanda que ainda não veio”, avalia Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

É possível ainda que a bolsa seja pressionada por um aumento do risco político caso a economia pare de avançar. “Crescimento econômico é muito importante em períodos eleitorais, como será o ano de 2022. Caso o PIB não volte a crescer, aumenta a probabilidade de atitudes mais populistas por parte do governo”, argumenta Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos.

A boa notícia, segundo os especialistas, é que boa parte do setor de serviços – eventos, restaurantes, hotéis e lazer – pode surpreender em termos de atividade com a continuidade da reabertura econômica e o andamento da vacinação no Brasil. "O comparecimento dos brasileiros na campanha de vacinação pode ser o grande diferencial para o PIB surpreender ainda em 2021”, completa Cruz.

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