Citibank: na interpretação da corretora, 2015 deve ser marcado por um governo na defensiva (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2014 às 09h32.
Após uma campanha presidencial vitoriosa, Dilma Rousseff, do PT, deverá enfrentar um ano de crescimento lento, inflação alta e baixa confiança no plano econômico brasileiro, segundo relatório da corretora do Citibank. Ao mesmo tempo, o Índice Bovespa tem pouco espaço para cair mais.
Na interpretação da corretora, 2015 deve ser marcado por um governo na defensiva, alvo de investigações e enfraquecido no Congresso, e por uma oposição raivosa.
Em relação ao comportamento da bolsa de valores local, o documento aponta que o Índice Bovespa, corrigido pela inflação, aparece apenas 1% acima dos níveis registrados durante o período mais sombrio da crise financeira global de 2008.
O Citi lembra que, apesar de algumas disparadas quando a oposição estava na frente nas pesquisas, a vitória da presidente Dilma foi progressivamente incorporada aos preços das ações.
Desde que Marina Silva, do PSB, apareceu liderando as pesquisas, em 2 de setembro, o Ibovespa caiu 16% até ontem, de 62 mil pontos para 52 mil. Isso deixaria o índice flutuando entre 5o mil e 45 mil pontos, com um substancial potencial de alta. O que tornaria o mercado brasileiro barato para o investidor. Para isso, porém, a nova presidente precisa dar passos decisivos na direção correta.
Para acalmar os investidores, o Citi espera que a presidente petista sinalize em breve o nome de seu novo ministro da Fazenda. De acordo com o texto, estaria sendo discutida a volta de um “time dos sonhos” no campo econômico, a exemplo do que ocorreu durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o ex-Banco Central Henrique Meirelles assumiu um contato mais próximo com o mercado de capitais.
Também são citados nomes como o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, o ex-secretário de Política Econômica Nelson Barbosa e o secretário do Tesouro, Arno Augustin.
Outros passos bem vistos pelo mercado são a redução do número de ministérios e o ajuste dos preços administrados que hoje estão represados para segurar a inflação dentro do teto a meta, de 6,5%.
Com a recessão técnica reduzindo a atividade e a arrecadação de impostos, o Citibank estima que o superávit primário brasileiro seja de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, ante previsão de 3%.
De acordo com o relatório, parece provável que o país tenha suas notas de crédito rebaixadas pelas agências de classificação de risco Moody’s e Fitch já no primeiro semestre do próximo ano, para perto do nível de investimento de risco.
Um eventual ajuste fiscal, com corte de despesas e aumentos de impostos, deve levar a uma queda ainda maior da atividade e da arrecadação, e ainda impactar o nível de emprego.
E um aumento do desemprego, segundo o Citi, pode levar o governo a voltar a estimular a economia, com ou sem ajuste fiscal, o que poderá piorar as contas públicas e acelerar a perda do rating de baixo risco pelo país, o que poderá acontecer em 2016.
Para a corretora, as opções mais seguras nesse cenário seriam papéis mais defensivos, menos afetados pela economia, e empresas que se beneficiam da alta do dólar, já o déficit em contas externas nos níveis atuais levaria a desvalorizações do real.
Assinam o texto os analistas Stephen Graham e Fernando Siqueira.