Mercados

Bolsa precisaria cair 16% para chegar ao nível de 2008

XP Investimentos diz que, a 44 mil pontos, os múltiplos das ações do Ibovespa estariam no mesmo nível dos 29 mil pontos atingidos no pior momento da crise

Pregão da Bovespa (Germano Lüders/EXAME.com)

Pregão da Bovespa (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2011 às 17h18.

São Paulo – Apesar da possibilidade de retração na economia do Japão, grave situação fiscal e expectativa de desaquecimento nos Estados Unidos, além do agravamento da crise de dívida pública na Europa, a equipe de pesquisa da XP Investimentos alertou nesta sexta-feira (5) que o movimento negativo no Ibovespa “pode estar sendo exagerado”.

Em relatório, a corretora reconhece que, diante do cenário de turbulência nos mercados financeiros globais, “é difícil manter-se concentrado, não cair na tentadora vontade de seguir o movimento de manada, vender tudo e voltar com força total para a renda fixa”. No entanto, neste caso, a recomendação é para manter a calma.

Segundo a equipe de pesquisa da XP Investimentos, há fatores positivos sobre o mercado brasileiro que devem ser levados em consideração pelos investidores e que seguem em desencontro com o “movimento exagerado” que levou o Ibovespa a registrar o pior desempenho entre os principais índices do mundo, acumulando queda de 24 % no ano.

Entre os pontos que “precisam ser compartilhados”, a corretora reconhece que o cenário externo é mesmo ruim. Apesar disso, com exceção da recente dificuldade de Itália e Espanha em rolar suas dívidas, tudo “já estava no radar dos investidores, ou seja, não foi nenhuma surpresa como a quebra do (banco americano) Lehman Brothers em 2008”.

Ibovespa abaixo dos 50 mil pontos

Exagero? Na avaliação da XP Investimentos, caso o índice chegue abaixo dos 50 mil pontos, isso significaria que mais de 40% das empresas estariam sendo negociadas abaixo de seu patrimônio. “Acreditamos que um cenário como este até pode acontecer, mas em contrapartida deveremos ter uma enxurrada de programas de recompra de ações e até mesmo fechamentos de capital”, estima a corretora.

Os analistas explicam que atualmente a métrica entre o valor de mercado das empresas do Ibovespa em relação ao seu lucro (P/L) está em 8,11 vezes, enquanto nos EUA (Dow Jones) está em 12,26 vezes. Assim sendo, a XP Investimentos contesta: “A economia americana está bastante endividada, enfrentando 10% de desemprego, com problemas imobiliários e políticos. Ela merece prêmio sobre o Brasil? Será que as empresas (por lá) vão crescer seus lucros acima das companhias brasileiras?”.

Por que o Ibovespa cai 24% no ano, enquanto o Dow Jones perde apenas 1,31%? A corretora tenta esclarecer que, “de fato, há uma desaceleração generalizada dos países desenvolvidos”. Contudo, “a economia brasileira segue muito bem, inclusive superaquecida. O Ibovespa, por sua vez, está muito próximo das mínimas da crise e com isso começam a surgir oportunidades”.

A XP lembra que, no auge da crise de 2008, quando o Ibovespa chegou a 29.435 pontos, o P/L estava em 6,79 vezes. Como o P/L atual é de 8,11 vezes, para voltarmos ao P/L atingido na crise, o Ibovespa precisaria cair mais 16,3%, voltando para os 44.215 mil pontos. “Ou seja, os 29 mil pontos de 2008 agora são 44 mil pontos. Isso é um fato!”, ressalta a XP.

Acompanhe tudo sobre:AçõesAnálises fundamentalistasB3bolsas-de-valoresDow JonesIbovespaMercado financeirowall-street

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado