Bolsa em 2022: Ibovespa sobe 4,7% no acumulado do ano, marcado pela volatilidade
Principal índice da B3 fecha último pregão do ano em leve queda; dólar cai 5,3% no ano
Beatriz Quesada
Publicado em 29 de dezembro de 2022 às 18h25.
Última atualização em 29 de dezembro de 2022 às 18h38.
O ano de 2022 foi agitado para o Ibovespa , que enfrentou forte volatilidade. Na máxima, o principal índice da B3 atingiu os 121 mil pontos em abril, para depois despencar aos 96 mil pontos em julho.
Ao final da montanha-russa, o Ibovespa fechou o ano em alta de 4,69%, na contramão das quedas nas bolsas internacionais, mas sem conseguir manter a marca simbólica dos 110 mil pontos. O índice caiu 0,46% no último pregão do ano, e fechou 2022 aos 109.735 pontos.
- Ibovespa : - 0,46%, aos 109.735 pontos
O primeiro trimestre foi bastante positivo para o índice, que avançou impulsionado por uma enxurrada de recursos estrangeiros que viram, no Brasil, uma boa oportunidade de investimentos diante do caos instalado no exterior com a guerra na Ucrânia. Alta das commodities e perspectiva de encerramento do ciclo de alta da Selic também fizeram sua parte, e o índice saltou 14% nos três primeiros meses do ano.
Depois da bonança, veio a tempestade: queda de 10% em abril com os investidores evitando emergentes à medida que os Estados Unidos iniciavam sua trajetória de elevação de juros. De lá para cá, o índice conseguiu se manter no positivo — mas a duras penas.
“Este ano, o Ibovespa teve meses com quedas de dois dígitos, então realmente não foi fácil ser investidores de renda variável. A volatilidade foi muito grande e, ainda que tenha fechado no positivo, o índice não conseguiu bater sua principal concorrente, a Selic, que está em 13,75% ao ano”, avalia Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.
Forte volatilidade também no dólar, que encerrou o ano em queda de 5,3%, cotado a R$ 5,28. Lembrando que a máxima da moeda do ano foi de R$ 5,71, em janeiro. A mínima ocorreu em abril, quando a moeda caiu para R$ 4,61.
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Ibovespa cai 2,4% em dezembro, um dos meses mais voláteis do ano
Em dezembro, o índice acumulou leve queda de 2,45% e teve forte volatilidade, saindo dos 110 mil pontos no início do mês para só recuperar a marca nos últimos pregões do ano. O cenário político foi o grande protagonista da movimentação da bolsa no período, com o mercado acompanhando as primeiras movimentações do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que dominou os holofotes antes mesmo de assumir o posto.
Os grandes motivos de estresse foram a PEC da Transição, a escolha do ministro da Fazenda e a chegada de Mercadante ao BNDES.
A Proposta de Emenda Constitucional que abre espaço no Orçamento para custear o Bolsa Família causou preocupação por representar novos gastos sem uma nova contrapartida fiscal. No final, o prazo da PEC foi reduzido de quatro para apenas um ano, o que ajudou a acalmar os ânimos.
A escolha do ministro da Fazenda também foi tumultuada, com o nome do ex-prefeito Fernando Haddad sofrendo resistência do mercado por não ser uma indicação técnica. Em um aceno ao mercado, Haddad afirmou que pretende enviar uma nova proposta de arcabouço fiscal ainda no primeiro semestre do próximo ano.
Outro assunto que dominou as últimas semanas do ano foi a nomeação do ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma, Aloizio Mercadante, para o comando do BNDES. Havia o temor de que o governo mudasse a Lei das Estatais para permitir a indicação, o que acabou não se confirmando.
Ao final do mês, o índice passou por um leve rali na semana antes do Natal. Parte dos ganhos foi devolvida nesta semana antes do Ano-Novo, quando o volume de negociações foi mais baixo. Ainda assim, o Ibovespa subiu 0,3% na última semana do ano.