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Bolsa: desta vez, vai ter rally de preços pós-eleição?

Pesquisas de intenção de voto apontam chance de ex-presidente vencer eleição neste fim de semana

Bolsa brasileira: vantagem competitiva se cenário global ajudar, sem rupturas de expectativas (Germano Lüders/Exame)

Bolsa brasileira: vantagem competitiva se cenário global ajudar, sem rupturas de expectativas (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 1 de outubro de 2022 às 11h24.

Última atualização em 1 de outubro de 2022 às 14h06.

Assim que a votação para eleição presidencial terminar neste domingo, dia 2, às 17 horas, os investidores já estarão com sua cabeça dominada pela pergunta: será o momento de voltar a comprar bolsa? Apesar de  polarizada entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a vitória do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) é vista como altamente provável pelo mercado, devido à liderança nas pesquisas.

Apesar de grandes questões continuarem na mesa, a possibilidade de o pleito ser definido no primeiro turno, que já não é mais descartada, o que traz ainda mais ansiedade a respeito do melhor momento para investir. Já faz meses que os especialistas apontam para o fato de a bolsa brasileira estar em um dos níveis mais baratos das últimas décadas: a relação entre preço e lucro, na média, está em torno de seis vezes.

Ainda assim, a alta na taxa de juros e as incertezas, levaram os investidores a uma saída pesada do mercado de ações: no acumulado do ano até agora, os fundos dedicados a essa categoria sofreram resgates superiores a R$ 57 bilhões. Outros R$ 81 bilhões foram retirados das carteiras multimercados, que estavam bastante alocadas em bolsa, enquanto a renda fixa recebeu mais de R$ 120 bilhões em aportes.

Ainda que um segundo turno seja o cenário mais aguardado por investidores, essa percepção tem sido alterada a partir de pesquisas recentes que apontaram Lula próximo de 50% dos votos válidos.

A definição no primeiro turno representaria, na visão do mercado, o fim de mais um mês de ebulição política e incertezas eleitorais. "A superação do evento eleição pode disparar a compra na bolsa. Esse fluxo deve vir principalmente do investidor estrangeiro, que vê no Lula maior preocupação com problemas ambientais e melhor relação com a China, que é uma importante parceira comercial", afirmou Felipe Miranda, fundador e estrategista-chefe da Empiricus. No ano, o saldo líquido de investimento estrangeiro na B3 está pouco abaixo dos R$ 90 bilhões.

Na sexta-feira, 30, último pregão antes das eleições, a bolsa brasileira subiu mais de 2%, destoando das quedas do mercado americano, que voltou a sofrer com dados de inflação acima do esperado. Mas além da chance de uma resolução no primeiro turno, outro fator esteve por trás do movimento: a possível escolha de um economista liberal para a equipe de Lula.

Henrique Meirelles, de acordo com reportagem da Veja, deverá ser o ministro da Fazenda de um eventual governo Lula. A escolha, se confirmada, poderá gerar uma reviravolta na forma como investidores veem a candidatura do ex-presidente, uma vez um nome político era o mais aguardado para assumir a pasta. Meirelles, pai do teto de gastos como ministro de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central no primeiro governo de Lula, goza de credibilidade no mercado.

Para Fabio Akira, economista-chefe da BlueLine, a confirmação de Meirelles ajudaria aliviar a ansiedade do mercado para saber os planos fiscais de um possível governo Lula, mas não anularia. "Lula disse que quer superávit primário e indicou aumento de gasto. Ele não deu muitos detalhes, mas forma de fazer isso é por uma reforma tributária. Não acredito que aumentos impostos seriam bem-recebidos no Congresso", salientou.

Sem o risco eleitoral e com direcionamento fiscal, Akira vê espaço para altas no mercado brasileiro, mesmo diante cenário externo desafiador, com bolsas em queda e juros em alta. Mas tudo, reforçou, vai depender da responsabilidade fiscal. "O Reino Unido mostrou que o momento atual não é de aventuras fiscais, mesmo em mercados desenvolvidos."

A importância da saúde fiscal e dos ascenos de Lula ao centro também foi ressaltada por Felipe Miranda. "Ainda que as declarações tenham sido em prol de mais intervenção do Estado na economia, há flertes claros com o centro. Ele ouviu empresários e afastou a hipótese de revanchismo. O apoio de Meirelles à candidatura também é muito positiva, dado que ele que criou o teto de gastos e, com isso, mostra algum compromisso com a responsabilidade fiscal." 

Miranda, porém, destaca que outro risco segue na conta: o de contestação do resultado das urnas. "Mas acho que é muito mais ruído. Ao final, conseguiremos transcorrer adequadamente pelo processo eleitoral. Essa é uma expectativa predominante, mas que deve fazer preço quando for confirmada. A certeza tem valor. Então, a bolsa deve subir."

Tudo isso, é claro, considera um cenário externo de relativa calmaria, com as atuais preocupações mas sem nenhuma novidade mais dramática. O mercado brasileiro de ações tem até mesmo algumas vantagens perante os demais, por ser formado por grandes companhias e líderes setoriais. Se houver eventos internacionais relevantes, a bolsa brasileira sofre, como sofreram todas as demais.

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