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Bolsa cai em dia de realização de lucros e interrompe sequência de altas

Movimento vai na contramão dos principais índices acionários do mundo

Ibovespa: índice vira e fecha em queda de 0,72%, interrompendo sequência de altas (Getty Images/Getty Images)

Ibovespa: índice vira e fecha em queda de 0,72%, interrompendo sequência de altas (Getty Images/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 18h23.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2020 às 19h11.

Embora o otimismo tenha tomado conta das primeiras negociações desta quinta-feira (6), ao fim do dia, o clima nas mesas de operação era de incertezas. Depois de esboçar uma alta de mais de 1% pela manhã, o Ibovespa virou no período da tarde e caiu 0,72%, fechando em 115.189,97 pontos e interrompendo a série de valorizações. A baixa, que foi na contramão das principais bolsas do mundo, levantou questionamentos e teorias no mercado financeiro. A tese mais defendida foi a de que a queda foi motivada pela realização de lucros, após o Ibovespa ter acumulado alta de 1,99% nos últimos três dias.

“Ainda estamos em um momento sensível, com fábricas chinesas paradas devido ao coronavírus. Então, quem está no lucro já começa a colocar o dinheiro no bolso”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus. Segundo ele, os efeitos da doença na atividade econômica já está recaindo sobre as bolsas, com fábricas, como a da Hyundai, fechadas por falta de peças que deveriam chegar da China

Para Laatus, as recentes altas foram “infladas” e não refletiram a realidade. “A bolsa anda positiva porque a economia e as empresas vão bem, não porque o banco central chinês está injetando dinheiro no mercado. A economia está parada e esse gap está sendo precificado”, afirmou. 

Sua opinião, no entanto, não é um consenso. “Se fosse isso, o mundo inteiro estaria caindo”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. De acordo com Vieira, a sinalização do Banco Central de que o os cortes de juros vão ser interrompidos ajudou a pressionar a queda. 

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset também vê uma possível associação entre a sinalização do Banco Central e a queda do principal índice da Bolsa. “A maioria do mercado esperava que os juros caíssem para 4% em março, por isso essa realização também. Mas é mais um motivo para a Bolsa abrir em alta amanhã”, avaliou

Na Bolsa, setores que poderiam ser beneficiados pelos juros ainda mais baixos, como os de consumo, tiveram desvalorizações. “Muita gente assumiu que ia ter mais cortes. Nesse sentido, houve um reposicionamento grande, principalmente do investidor local”, disse Jason Vieira.

Entre as varejistas, a baixa foi generalizada. “Queridinhas” dos investidores, papéis da Magazine Luiza e Via Varejo caíram 2,57% e 1,92%, respectivamente. Já os papéis da Renner, recuaram 3,46% às vésperas da divulgação do balanço do quarto trimestre de 2019, que está programada para esta noite.

As ações do ramo imobiliário, que subiram forte antes da decisão do Copom,  também passaram por desvalorizações. Nesta quinta, os papéis da MRV, caíram 2,31%, os da Tecnisa, 4,5% e os da Tenda, 4,19%.

Também atrelada ao consumo, as ações da Ambev tiveram mais um dia negativo, recuando 2,2%. Ontem (5), após a Nielsen Research reportar maior participação da Heineken e da Petrópolis no mercado brasileiro de cervejas, os papéis da Ambev caíram 2,27%. Na semana, a queda acumulada é de 5,49%.

Com os bancos também fechando em queda, restou aos papéis da Vale e da Petrobras amenizarem a queda do Ibovespa. Na sessão, a Vale teve leve alta de 0,55%, dando continuidade ao movimento de recuperação após ter acumulado desvalorização de mais de 10% nas últimas duas semanas. Já as ações ordinárias da Petrobras subiram 2,69% e as preferenciais, 2,78%, fechando em respectivos 31,30 reais e 29,18 reais. Ontem, a oferta de ações ordinárias da estatal pelo BNDES foi precificada em 30 reais.

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