Mercados

Bolsa cai a 58.000 com risco de Grécia deixar euro e dólar encosta nos R$ 2

O dólar chegou a passar de R$ 1,99 com a aposta em juros menores e a aversão externa ao risco

O Ibovespa cai pelo quinto dia e perde mais de 2 por cento com os produtores de commodities acompanhando a queda de preços no exterior (Nacho Doce/Reuters)

O Ibovespa cai pelo quinto dia e perde mais de 2 por cento com os produtores de commodities acompanhando a queda de preços no exterior (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2012 às 15h15.

São Paulo  - O Ibovespa registra a quinta queda seguida e chegou a descer abaixo dos 58.000 pontos acompanhando a desvalorização das commodities, com especulações de que a Grécia pode deixar o euro e após a premiê alemã Angela Merkel perder eleição regional.

Os juros caem após pesquisa do Banco Central mostrar que os economistas do mercado reduziram a previsão para a taxa Selic em 2012 ao recorde de baixa de 8 por cento. O dólar chegou a passar de R$ 1,99 com a aposta em juros menores e a aversão externa ao risco. No exterior, as bolsas caem.

Internacional: Ações, commodities e euro caem com Europa

As bolsas europeias fecharam em queda e as americanas caem com especulações de que a Grécia pode deixar a Região do Euro e após o partido da chanceler alemã Angela Merkel perder uma eleição regional.

Uma saída da Grécia do euro “não é necessariamente fatal, mas também não é atrativa,” disse Patrick Honohan, membro da diretoria do Banco Central Europeu, em 12 de maio. Embora uma saída seja tecnicamente possível, ela prejudicaria o euro, disse ele. O partido da Democracia Cristã, da chanceler alemã Angela Merkel, foi derrotado no estado mais populoso do país.

Nos Estados Unidos, JPMorgan Chase & Co. cai pelo segundo dia seguido após anunciar perdas de US$ 2 bilhões em transações na semana passada.


O petróleo cai com a situação na Europa e após o ministro do petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, dizer que os preços deveriam ter quedas adicionais, à medida em que a oferta supera a demanda. O cobre se desvaloriza com a redução dos compulsórios na China sinalizando desaceleração mais profunda no maior consumidor mundial do metal.

Bolsa: Ibovespa tem 5ª queda com commodities e construtoras

O Ibovespa cai pelo quinto dia e perde mais de 2 por cento com os produtores de commodities acompanhando a queda de preços no exterior em meio a especulações de que a Grécia pode deixar a Região do Euro e após a construtora Brookfield Incorporações SA registrar queda no lucro.

As construtoras lideram as perdas do Ibovespa após o resultado da Brookfield, que cai 11 por cento, após anunciar uma retração de 94 por cento em seu lucro líquido do primeiro trimestre. Os papéis da empresa são seguidos por PDG Realty SA Empreendimentos e Participações e Rossi Residencial SA.

Das 47 empresas do Ibovespa que já divulgaram seus balanços, pelo menos 24 frustraram as estimativas de analistas.
O principal indicador da bolsa brasileira caía 2,1 por cento, para 58.212,03 pontos, às 14:26.

“A Europa ainda é a principal fonte de incerteza, e cada vez mais os investidores parecem estar evitando risco e tirando dinheiro da renda variável”, disse Marc Sauerman, que ajuda a administrar cerca de R$ 650 milhões na JMalucelli Investimentos em Curitiba, por telefone.“Algumas empresas têm apresentado balanços que decepcionaram um pouco, mas neste momento acho que, mesmo que os números fossem melhores, isso não seria suficiente para compensar o pessimismo que a gente está vendo agora nos mercados lá fora.”


Juros: DI recua após Focus reduzir estimativa de Selic para 8%

Os juros nos mercados futuros caem nos contratos mais curtos com a baixa das commodities compensando o efeito do câmbio sobre a inflação e após a projeção do mercado para a taxa básica cair para 8 por cento em pesquisa do BC.

A taxa Selic deve encerrar este ano em 8 por cento, segundo a projeção mediana de cerca de 100 economistas ouvidos pelo BC em 11 de maio em pesquisa publicada hoje. A projeção anterior para a taxa era de 8,5 por cento, segundo a pesquisa semanal Focus do BC. A estimativa para o juro básico no ano que vem passou de 10 por cento para 9,75 por cento, de acordo com a pesquisa. Para a inflação ao consumidor, a estimativa mediana subiu de 5,12 por cento para 5,22 por cento em 2012 e caiu de 5,56 por cento para 5,53 por cento em 2013.

“A piora externa e os dados fracos de atividade no Brasil reforçam a tendência de queda da Selic”, disse Newton Rosa, economista-chefe da Sulamerica Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “A queda das commodities segura um pouco os preços dos alimentos e neutraliza o impacto do câmbio na inflação.”

O BC mantém sua autonomia e o ciclo atual de queda de juros é resultado de uma combinação muito específica de fatores internos e externos, e não para agradar a presidente Dilma Rousseff, disse o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada ontem.

Tombini disse que o BC está considerando cortes na Selic para abaixo de 9 por cento porque o cenário global se deteriorou depois da ata da reunião de março do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que disse que a Selic cairia para patamares ligeiramente acima de níveis históricos.

DI Janeiro 2013: -4 pontos-base, para 7,91%, às 14:26
DI Janeiro 2014: -8 pontos-base, para 8,39%, às 14:26

Câmbio: Dólar passa de R$ 1,99 com apostas em juros e Europa

O dólar chegou a passar de R$ 1,99 na máxima do dia e é negociado no maior nível desde julho de 2009 com a expectativa de queda dos juros e a aversão externa ao risco levando investidores a evitarem apostas na moeda brasileira.

“A expectativa de redução nos juros ajuda a enfraquecer o real”, disse Eduardo Galasini, gerente de tesouraria do Banco Banif, em entrevista por telefone de São Paulo. “Há uma postura do governo em favor da queda dos juros e de um real mais fraco para favorecer a indústria.”

O real também se enfraquece com a aversão ao risco causada pela crise europeia, disse Newton Rosa, da Sulamerica. “Com este ambiente, o real continua se depreciando. O dólar está se fortalecendo no mercado global”.

Dólar: +1,48%, para R$ 1,9956, às 14:26

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