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“Bolha das ações de IA começou a estourar”, diz Gavekal; entenda o porquê

Tumulto nos mercados esta semana foi início de um movimento maior na avaliação do diretor de pesquisa da casa de análise

Perdas recordes na bolsa de Tóquio assustaram os investidores esta semana (Richard A. Brooks /AFP)

Perdas recordes na bolsa de Tóquio assustaram os investidores esta semana (Richard A. Brooks /AFP)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 9 de agosto de 2024 às 15h34.

Última atualização em 9 de agosto de 2024 às 15h56.

O estouro da bolha da inteligência artificial é o que está por trás do turbilhão que derrubou as bolsas globais esta semana.A avaliação é de Steve Miller, diretor de pesquisa para a América do Norte da casa de análise Gavekal Research. Para provar seu ponto, Miller recorre a uma observação do banqueiro inglês John Mills, que em 1867 afirmou: “o pânico não destrói o capital. Ele apenas revela até que ponto ele foi previamente destruído pela sua traição [de aplicá-lo] em obras irremediavelmente improdutivas.”

Para o diretor da Gavekal, não existe forma mais sucinta de descrever o que aconteceu esta semana nos mercados. “Há alguns trimestres, as empresas de tecnologia se atropelavam para dizer aos investidores como a IA em breve aumentaria as vendas e os lucros para a estratosfera. Hoje, muitas das mesmas companhias estão dizendo aos investidores que o retorno da IA ​​levará mais tempo do que o inicialmente esperado”, escreveu. 

As empresas ligadas à IA viveram um período de euforia na bolsa, com as ações decolando de olho em juros futuros. A temporada de balanços do segundo trimestre, no entanto, mostrou que uma aceleração significativa nos lucros ainda está fora do radar. A Intel foi um grande exemplo. A companhia registrou US$ 1,61 bilhão de prejuízo líquido no segundo trimestre, revertendo um lucro de US$ 1,48 bilhão no mesmo período do ano anteriorAlém disso, a fabricante de chips afirmou que deve demitir mais de 15% de seus funcionários como parte de um plano de redução de custos de US$ 10 bilhões. A Intel também não deve pagar dividendos no final deste ano.

Segundo Miller, outro evento significativo para reforçar a tese foi o desinvestimento de Warren Buffett, guru de investimentos, na Apple. Na última sexta-feira, 2, a Berkshire Hathaway, conglomerado de Buffett, diminuiu pela metade sua participação na gigante de tecnologia.

“Hoje, se o mundo está prestes a embarcar num futuro de gastos massivos em IA que justifica pagar nove vezes o valor contábil pelo índice global de semicondutores, porque é que a Intel tem de despedir um quinto do seu pessoal?”, questionou o diretor. “Há o argumento que isto seria uma extrapolação injusta dos problemas individuais de uma empresa para a indústria mais ampla de semicondutores e, daí, para todo o mercado. Mas foi isso que muitas pessoas disseram em 2008 sobre o Citigroup [no início da crise bancária].”

O que o investidor deve fazer?

Para a Gavekal, o investidor tem duas opções de leitura desse cenário. A primeira é interpretar os eventos recentes como um ruído na trajetória de alta das ações ligadas à IA. Neste caso, a queda recente poderia ser, inclusive, uma oportunidade de compra.

A outra opção é enxergar o movimento como o início do estouro da bolha de IA. “Se for esse o caso, este é um problema que vai muito além da avaliação de um punhado de ações”, afirmou. Entra aqui a questão se os EUA passariam a ter dificuldades para atrair capital estrangeiro nos mesmos volumes alcançados nos últimos anos. O que, por sua vez, pode afetar o valor do dólar, dos títulos do tesouro americano e das ações.

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