BC estende programa de swaps até 31 de março de 2015
Ao fornecer hedge ao mercado, o Banco Central acumula perdas de R$ 284 milhões com essas operações nos 11 primeiros meses de 2014
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2014 às 18h16.
Brasília - O Banco Central informou nesta tarde de terça-feira, 30, que o programa de leilões de swap cambial, instrumento equivalente à venda futura de dólar , terá continuidade em 2015 até, pelo menos, o dia 31 de março.
De acordo com a instituição, a chamada "ração diária" ao mercado será reduzida à metade, já que a programação a partir do próximo dia 2 é ofertar diariamente US$ 100 milhões de segunda-feira a sexta-feira.
Atualmente, as ofertas eram de US$ 200 milhões por dia.
O BC informou também que os leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) serão realizados de acordo com as condições de liquidez do mercado de câmbio.
A instituição salientou ainda que, sempre que julgar necessário, poderá realizar operações adicionais de venda de dólares por meio dos instrumentos "ao seu alcance".
As informações, amplamente aguardadas pelo mercado, foram divulgadas por meio do comunicado 27.023 no BC Correio.
O documento, assinado pelo diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, destaca que a necessidade de proteção cambial ("hedge") demandada pelos agentes econômicos vem sendo atendida pelo programa de leilões de swap e venda de dólares desde agosto de 2013.
Diz ainda que o objetivo da prorrogação desse programa é o de continuar provendo "hedge" cambial e liquidez ao mercado de câmbio.
Iniciado em agosto de 2013 como uma nova estratégia para conter a volatilidade cambial, o programa de swaps tinha como validade até, pelo menos, o dia 31 de dezembro daquele ano.
De acordo com comunicado 24.370, o objetivo era prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado.
Uma oferta diária nos moldes da anunciada na ocasião não ocorria desde 2002. No entanto, a última vez em que o BC havia oferecido um programa de swaps cambiais não diário foi em 23 de outubro de 2008, no auge da crise financeira internacional.
No final de 2013, o programa foi estendido até 30 de junho do ano seguinte, mas foi ajustado.
No lugar de comercializar de segunda a quinta-feira US$ 500 milhões por dia, passou a oferecer US$ 200 milhões de segunda a sexta-feira.
No total, o volume semanal caiu pela metade, de US$ 2 bilhões para US$ 1 bilhão. Já no final de junho, o BC decidiu prorrogar a "ração diária" até o final deste ano no mesmo formato que vinha praticando até então.
Apesar de muito técnico, o programa de ração diária acabou fazendo parte do debate eleitoral para a Presidência da República. Armínio Fraga, homem forte da economia do candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), chegou a anunciar que se os tucanos voltassem ao poder, os leilões de swap cambial estariam com os dias contados.
Teste
Antes de tomar uma decisão, o presidente do BC, Alexandre Tombini, jogou algumas possibilidades sobre a continuidade do programa para testar a reação do mercado financeiro.
Ao final de novembro, quando foi confirmado oficialmente à frente da instituição por mais quatro anos, ele chegou a dizer que o programa estava atingindo "plenamente" seus objetivos ao evitar a volatilidade, ao mesmo tempo em que fornecia proteção aos agentes econômicos.
Lembrou que a oferta feita até aquela data, o equivalente a pouco mais de US$ 100 bilhões, correspondia a menos de 30% do total das reservas internacionais.
Desde então, o presidente do BC tem salientado que a operação não traz comprometimento para a administração das reservas, uma vez que os instrumentos são liquidados em reais, e afirmado que esses leilões acabam sendo uma oportunidade de redução do custo de carregamento desse colchão de liquidez.
O mercado não gostou nem um pouco da hipótese de término da ração e, imediatamente depois dos comentários de Tombini, o dólar acelerou seus ganhos no mercado à vista de balcão, fechando na máxima de R$ 2,5190 (+0,56%).
Logo em seguida, o presidente do BC negou que tivesse sinalizado o fim do programa.
"Eu não disse absolutamente nada em relação ao que vai ser o programa a partir de 1 de janeiro de 2015, que é até quando esse programa vai", afirmou em entrevista exclusiva ao Blog do Planalto, acrescentando que o BC não tinha pressa para tomar uma decisão.
No dia 16 de dezembro, ao deixar uma audiência pública no Senado, Tombini adiantou a jornalistas que continuaria a oferecer a ração diária da moeda americana ao mercado - o dólar se aproximava de R$ 2,75.
Defendendo "políticas bem ajustadas" para enfrentar esse período de turbulência nos mercados emergentes, ele disse que o programa continuaria no ano seguinte, mas indicou que poderia haver novo ajuste em seu formato.
"Os parâmetros do swap cambial para o começo de 2015 serão decididos nos próximos dias. Eles podem ser ajustados para o mínimo de US$ 50 milhões e máximo de US$ 200 milhões", disse.
Prejuízo
Ao fornecer hedge ao mercado, o Banco Central acumula perdas de R$ 284 milhões com essas operações nos 11 primeiros meses de 2014.
Até o resultado de novembro, negativo em R$ 8,724 bilhões, a autarquia registrava lucro com essas operações.
Os maiores destaques positivos do ano foram vistos em fevereiro (R$ 8,336 bilhões) e março (R$ 6,206 bilhões).
No ano passado, o BC acabou registrando prejuízo de R$ 1,315 bilhão com os leilões de swap. Já em 2012, entraram para o caixa da autarquia R$ 1,098 bilhão.
Brasília - O Banco Central informou nesta tarde de terça-feira, 30, que o programa de leilões de swap cambial, instrumento equivalente à venda futura de dólar , terá continuidade em 2015 até, pelo menos, o dia 31 de março.
De acordo com a instituição, a chamada "ração diária" ao mercado será reduzida à metade, já que a programação a partir do próximo dia 2 é ofertar diariamente US$ 100 milhões de segunda-feira a sexta-feira.
Atualmente, as ofertas eram de US$ 200 milhões por dia.
O BC informou também que os leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) serão realizados de acordo com as condições de liquidez do mercado de câmbio.
A instituição salientou ainda que, sempre que julgar necessário, poderá realizar operações adicionais de venda de dólares por meio dos instrumentos "ao seu alcance".
As informações, amplamente aguardadas pelo mercado, foram divulgadas por meio do comunicado 27.023 no BC Correio.
O documento, assinado pelo diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, destaca que a necessidade de proteção cambial ("hedge") demandada pelos agentes econômicos vem sendo atendida pelo programa de leilões de swap e venda de dólares desde agosto de 2013.
Diz ainda que o objetivo da prorrogação desse programa é o de continuar provendo "hedge" cambial e liquidez ao mercado de câmbio.
Iniciado em agosto de 2013 como uma nova estratégia para conter a volatilidade cambial, o programa de swaps tinha como validade até, pelo menos, o dia 31 de dezembro daquele ano.
De acordo com comunicado 24.370, o objetivo era prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado.
Uma oferta diária nos moldes da anunciada na ocasião não ocorria desde 2002. No entanto, a última vez em que o BC havia oferecido um programa de swaps cambiais não diário foi em 23 de outubro de 2008, no auge da crise financeira internacional.
No final de 2013, o programa foi estendido até 30 de junho do ano seguinte, mas foi ajustado.
No lugar de comercializar de segunda a quinta-feira US$ 500 milhões por dia, passou a oferecer US$ 200 milhões de segunda a sexta-feira.
No total, o volume semanal caiu pela metade, de US$ 2 bilhões para US$ 1 bilhão. Já no final de junho, o BC decidiu prorrogar a "ração diária" até o final deste ano no mesmo formato que vinha praticando até então.
Apesar de muito técnico, o programa de ração diária acabou fazendo parte do debate eleitoral para a Presidência da República. Armínio Fraga, homem forte da economia do candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), chegou a anunciar que se os tucanos voltassem ao poder, os leilões de swap cambial estariam com os dias contados.
Teste
Antes de tomar uma decisão, o presidente do BC, Alexandre Tombini, jogou algumas possibilidades sobre a continuidade do programa para testar a reação do mercado financeiro.
Ao final de novembro, quando foi confirmado oficialmente à frente da instituição por mais quatro anos, ele chegou a dizer que o programa estava atingindo "plenamente" seus objetivos ao evitar a volatilidade, ao mesmo tempo em que fornecia proteção aos agentes econômicos.
Lembrou que a oferta feita até aquela data, o equivalente a pouco mais de US$ 100 bilhões, correspondia a menos de 30% do total das reservas internacionais.
Desde então, o presidente do BC tem salientado que a operação não traz comprometimento para a administração das reservas, uma vez que os instrumentos são liquidados em reais, e afirmado que esses leilões acabam sendo uma oportunidade de redução do custo de carregamento desse colchão de liquidez.
O mercado não gostou nem um pouco da hipótese de término da ração e, imediatamente depois dos comentários de Tombini, o dólar acelerou seus ganhos no mercado à vista de balcão, fechando na máxima de R$ 2,5190 (+0,56%).
Logo em seguida, o presidente do BC negou que tivesse sinalizado o fim do programa.
"Eu não disse absolutamente nada em relação ao que vai ser o programa a partir de 1 de janeiro de 2015, que é até quando esse programa vai", afirmou em entrevista exclusiva ao Blog do Planalto, acrescentando que o BC não tinha pressa para tomar uma decisão.
No dia 16 de dezembro, ao deixar uma audiência pública no Senado, Tombini adiantou a jornalistas que continuaria a oferecer a ração diária da moeda americana ao mercado - o dólar se aproximava de R$ 2,75.
Defendendo "políticas bem ajustadas" para enfrentar esse período de turbulência nos mercados emergentes, ele disse que o programa continuaria no ano seguinte, mas indicou que poderia haver novo ajuste em seu formato.
"Os parâmetros do swap cambial para o começo de 2015 serão decididos nos próximos dias. Eles podem ser ajustados para o mínimo de US$ 50 milhões e máximo de US$ 200 milhões", disse.
Prejuízo
Ao fornecer hedge ao mercado, o Banco Central acumula perdas de R$ 284 milhões com essas operações nos 11 primeiros meses de 2014.
Até o resultado de novembro, negativo em R$ 8,724 bilhões, a autarquia registrava lucro com essas operações.
Os maiores destaques positivos do ano foram vistos em fevereiro (R$ 8,336 bilhões) e março (R$ 6,206 bilhões).
No ano passado, o BC acabou registrando prejuízo de R$ 1,315 bilhão com os leilões de swap. Já em 2012, entraram para o caixa da autarquia R$ 1,098 bilhão.