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Balanços podem refletir primeiros sinais de recessão nos EUA

Resultados devem refletir custos em alta, primeiros efeitos das taxas de juros e gastos dos consumidores em queda

Balanços: resultados devem mostrar impactos do ambiente macroeconômico (sesame/Getty Images)

Balanços: resultados devem mostrar impactos do ambiente macroeconômico (sesame/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 16 de janeiro de 2023 às 16h37.

Justo quando investidores comemoram a possibilidade de a inflação nos EUA ter atingido um pico e de um pouso suave da economia, a atual temporada de balanços deve mostrar que muitos fatores ainda podem ser motivo de insônia.

Com custos em alta, primeiros efeitos das taxas de juros e gastos dos consumidores em queda, os resultados devem revelar o início de uma recessão dos lucros nos EUA, que tende a durar até o segundo semestre de 2023, segundo estrategistas da Bloomberg Intelligence.

Embora analistas tenham estado ocupados reduzindo as previsões nas últimas semanas, o consenso para os lucros corporativos em 2023 permanece “muito alto” com ou sem recessão econômica, de acordo com Michael Wilson, do Morgan Stanley, segundo o qual o mercado acionário pode cair cerca de 25% no primeiro trimestre sob pressão tanto de balanços ruins quanto de projeções fracas.

Madison Faller, estrategista global do JPMorgan Private Bank, espera comentários cautelosos dos líderes empresariais devido aos crescentes riscos de recessão, estoques acima do normal e pressões salariais.

“Com a desaceleração das economias desenvolvidas, acreditamos que as estimativas provavelmente continuarão a cair, mas não entrarão em colapso imediatamente”, disse Faller. “A degradação das margens provavelmente continuará em 2023 e será o foco nas discussões da gerência com os investidores.”

Confira as cinco principais áreas de atenção do mercado nesta temporada de resultados:

Guinada do Fed

Embora os sinais dos balanços sejam importantes, o foco dos investidores está nos próximos passos do Federal Reserve. E com a possibilidade de os juros nos EUA e na Europa chegarem a um pico em meados do ano, quaisquer comentários sobre o impacto da política monetária devem ser examinados de perto. Investidores também estão ansiosos para saber se as empresas conseguiram garantir baixos custos de financiamento para os próximos anos e evitar amenizar o impacto das taxas de juros crescentes.

Gasto dos consumidores

A desaceleração da demanda estará no centro das atenções nesta temporada de resultados como um prenúncio de recessão. Dados econômicos dos EUA mostraram que o consumo perdeu força em novembro em meio a taxas de juros mais altas e inflação elevada. Os americanos têm economizado e usado mais cartões de crédito, o que levanta a questão se serão capazes de continuar impulsionando o crescimento econômico ao longo de 2023.

Demissões

A temporada de balanços também será observada em busca de mais evidências de demissões, à medida que empresas reagem ao cenário de deterioração. O fenômeno é mais forte no setor de tecnologia, onde companhias cortam empregos em ritmo semelhante aos primeiros dias da pandemia, como evidenciado por anúncios recentes da Amazon.com e da Salesforce. Ao mesmo tempo, Facebook, controlado pela Meta Platforms, Apple e Alphabet, dona do Google, têm diminuído ou suspendido contratações, enquanto a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. se prepara para vendas mais fracas do que o esperado, reduzindo gastos.

Preços da energia

O impacto da queda nos preços da energia será monitorado de perto. O petróleo WTI já caiu mais de 35% em relação às máximas de março e o preço do gás recuou na Europa em meio ao clima mais ameno – um cenário muito diferente para as commodities em relação há apenas seis meses. A Exxon Mobil, maior petrolífera dos EUA, já disse que as cotações mais baixas do petróleo e do gás natural tiveram um impacto negativo nos lucros do quarto trimestre.

Reabertura da China

Comentários de empresas com receita e exposição de custos à China também estão no radar, depois que a segunda maior economia do mundo reabriu totalmente em 8 de janeiro. Empresas de mineração, tecnologia e de luxo nos EUA e na Europa obtêm vendas consideráveis da China, enquanto fabricantes de cosméticos no Japão e ações de empresas de turismo no Sudeste Asiático também devem receber um impulso.

No entanto, com o aumento dos casos de Covid na China e muitos países impondo restrições de fronteira para viajantes do país, o impacto da reabertura nos lucros globais pode ser limitado no trimestre atual.

Por Farah Elbahrawy, com Ishika Mookerjee

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