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B3 quer trazer 300 novas empresas estrangeiras para a Bolsa

CEO espera que novas companhias passem a ser negociadas até o início do ano que vem; se isso vier a se concretizar, número de BDRs saltará para mais de 500

B3 quer trazer novas BDRs até o início de 2020 (Patricia Monteiro/Bloomberg)

B3 quer trazer novas BDRs até o início de 2020 (Patricia Monteiro/Bloomberg)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de setembro de 2019 às 09h50.

Última atualização em 30 de setembro de 2019 às 10h00.

A B3 quer trazer os títulos de mais 300 empresas estrangeiras para sua plataforma. Segundo o CEO da Bolsa, Gilson Finkelsztain, os ativos virão da Ásia, Europa, Estados Unidos e devem estar disponíveis até o início do ano que vem. As ações serão negociadas por meio de BDRs, que é a forma como companhias listadas no exterior são negociadas no mercado brasileiro. Se isso vier a se concretizar, o número de BDRs passará de 233 para mais de 500.

Em entrevista a EXAME, Gilson Finkelsztain disse que pretende se antecipar aos interesses futuros dos investidores. Com juros baixos e inflação controlada, ele espera que mais gente mude da renda fixa para a variável. “Os investidores vão migrar e, assim como compram empresas brasileiras, eles também vão ter desejo de investir em empresas lá de fora”, afirmou.

Embora mais de duzentas BDRs sejam negociadas na B3, somente 5 estão disponíveis para pessoas físicas com menos de um milhão investido ou sem certificado de investidor qualificado. Isso ocorre porque a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regulamenta o setor, proíbe que esse tipo de investidor tenha acesso aos BDRs não patrocinados, que é a imensa maioria.

Os BDRs são títulos de ações de empresas listadas no exterior e emitidos por uma instituição depositária brasileira. Ele é patrocinado quando a operação tem envolvimento da companhia negociada e não patrocinado quando não tem.

Como o mercado brasileiro é pequeno se comparado aos americanos e europeus, poucas empresas se dão ao trabalho de contratar uma instituição financeira para serem negociadas aqui. Ou seja, por mais que multinacionais como Microsoft, Apple, Nike e 3M tenham BDRs, poucos são aptos a adquirir o ativo.

Gilson Finkelsztain classificou como “um absurdo” a regra que veta esse tipo de ativo aos investidores não qualificados e disse que conversa com a CVM para que ela seja revista. Ele acredita que até o fim do ano o regulamento seja alterado para que esses títulos passem a ser disponibilizados para um público maior. “Eu acho que essa não é uma demanda tão grande, mas em breve será”, afirmou.

Com a barreira de entrada, as pessoas físicas representam somente 4,31% do volume diário médio investido em BDRs, de acordo com boletim mensal da B3. Elas são 18,3% do volume total da Bolsa.

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Dados do boletim mensal de BDRs de agosto de 2019 - Fonte: B3 (B3/Reprodução)

Restritos, estes títulos são mais comprados por investidores institucionais, que possuem participação de 44,07% do volume médio diário de BDRs negociados. Eles também são os que mantém maior exposição a este tipo de ativo, visto que são 91,23% dos investidores com posição em BDRs.

Embora os investidores estrangeiros também sejam atuantes no segmento, sendo responsáveis por 44,05% do volume médio negociado, eles são apenas 1,97% entre os que mantém posição.

Em agosto, o número de investidores com posição em BDRs era de 2.220, mas vem crescendo. Segundo o boletim da B3, a quantia subiu 48,59 % desde dezembro do ano passado e 91,05% desde setembro. A expectativa da Bolsa é que esse número cresça ainda mais com a maior oferta e com o fim da barreira de entrada.

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