Mercado recebe choque de realidade após líderes da União Europeia acertarem na semana passada um acordo por uma maior integração fiscal (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2011 às 18h38.
São Paulo - A aversão a risco cresceu no mercado internacional nesta quarta-feira, derrubando as commodities, as bolsas de valores e o euro com rumores de iminente rebaixamento da classificação de risco da França e após a Itália pagar juro recorde em um leilão de títulos públicos. A Itália pagou 6,47 por cento para vender papéis de cinco anos.
O resultado, que mantém sob pressão as contas públicas da terceira maior economia da zona do euro, é um choque de realidade após líderes da União Europeia (UE) acertarem na semana passada um acordo por uma maior integração fiscal, com a esperança de encerrar a crise da dívida no euro. Além disso, durante a tarde, o mercado circulou rumores de que a França poderia ser rebaixada e perder sua nota "AAA", ameaçando a credibilidade dos fundos europeus de ajuda financeira. A nota da França está formalmente sob revisão para um possível rebaixamento pela agência Standard & Poor's.
O petróleo caía mais de 5 por cento nos Estados Unidos, e o índice Reuters-Jefferies de commodities perdia mais de 3 por cento com a fuga de ativos de risco. O euro, abaixo de 1,30 dólar, era cotado no menor nível desde janeiro. Pesquisa da Reuters com economistas mostrou que a zona do euro enfrentará um ano de completa estagnação em 2012. Os profissionais também estimam que o Banco Central Europeu (BCE) cortará a taxa básica de juros para 0,75 por cento no segundo trimestre de 2012.
A atividade também está fraca no Brasil, embora analistas esperem uma gradual melhora nos próximos meses. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), a economia encolheu 0,32 por cento em outubro sobre setembro, terceiro mês seguido no campo negativo. O fluxo de capitais também está mais tímido.
Segundo o BC, o fluxo cambial na semana passada ficou negativo em 257 milhões de dólares, e, com isso, o país registra saída líquida de 424 milhões de dólares no mês até o dia 9. Na quinta-feira, o mercado aguarda uma bateria de dados nos Estados Unidos, como auxílio-desemprego e preços ao produtor. No Brasil, a agenda reserva o IGP-10, dados sobre a arrecadação federal e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).