Mercados

Analistas do exterior acompanham Brasil atentos

Há dúvidas se o montante de até US$ 60 bilhões anunciado pelo BC será suficiente para fazer frente ao movimento do mercado


	Prédio do Banco Central em Brasília: para o vice-presidente de mercados emergentes da casa, Chuck Butler, a decisão do governo brasileiro pode ser considerada uma surpresa
 (Divulgação/Banco Central)

Prédio do Banco Central em Brasília: para o vice-presidente de mercados emergentes da casa, Chuck Butler, a decisão do governo brasileiro pode ser considerada uma surpresa (Divulgação/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2013 às 11h26.

Londres - O anúncio da ampla ação do Banco Central (BC) do Brasil para tentar conter a sangria do real conseguiu conter a desvalorização da moeda brasileira na manhã desta sexta-feira, 23. Analistas internacionais acompanham a reação do mercado com atenção, mas há dúvidas se o montante de até US$ 60 bilhões será suficiente para fazer frente ao movimento do mercado. Outros países como a Índia e Turquia também anunciaram medidas nos últimos dias.

"Moedas emergentes parecem querer fazer uma pausa após a forte queda observada durante a semana. Enquanto os bancos centrais emergentes estão preocupados com o futuro, especialmente o fim dos estímulos norte-americanos, Índia, Turquia e agora o Brasil anunciam programas de intervenção para dar suporte às moedas", diz a analista do suíço Swissquote Bank, Ipek Ozkardeskaya, em nota aos clientes.

A economista do banco suíço de médio porte que atua no segmento de moedas emergentes diz ter dúvidas, porém, se a magnitude da ação anunciada ontem à noite será suficiente para proteger o real. Ao comentar que o programa separa US$ 3 bilhões por semana, a economista diz que a pressão sobre divisas emergentes deverá continuar nos próximos meses e, por isso, diz não saber se é a hora de comprar reais.

"A despeito da forte pressão de venda esperada para os próximos meses nos mercados emergentes, será que estamos na hora certa para sair do México (e ir para o Brasil)? Ou o BC do Brasil continuará impotente nessa batalha para proteger o real contra o momento do mercado", questiona a economista, que, por enquanto, prefere permanecer com as posições no mercado mexicano.

Também há cautela no EverBank, outro banco de nicho que também atua em moedas emergentes. Para o vice-presidente de mercados emergentes da casa, Chuck Butler, a decisão do governo brasileiro pode ser considerada uma surpresa. "O BC do Brasil anunciou uma intervenção de até US$ 60 bilhões em um esforço para conter a queda do real. É como mudar os cavalos no meio da travessia do rio, já que não faz muito tempo que o mesmo BC estava vendendo reais para enfraquecê-lo", lembra.

"Mas não sei se os US$ 60 bilhões serão suficientes. Isso, na verdade, só mostra que as duas instituições, o BC e governo brasileiro, estão juntas no esforço e não ficarão sentadas à espera de uma reação da moeda", diz o vice-presidente do banco em e-mail aos investidores.

Para Butler, será especialmente importante observar a reação do mercado no Brasil porque, para ela, a medida pode ter implicações em outros países. "Se funcionar, acho que outros emergentes, como Colômbia, México, Índia e Turquia, seriam beneficiados. Particularmente, não gosto de intervenções de bancos centrais, mas acho que, como o BC participou das ações passadas que enfraqueceram o real, acho que agora eles têm que encontrar maneiras de reverter o quadro", diz.

Acompanhe tudo sobre:AçõesBanco Centralbolsas-de-valoresCâmbioMercado financeiro

Mais de Mercados

Dividendo extraordinário e ROE acima de 20%: os planos do Itaú depois do lucro de R$ 10 bi

“Banco Central saberá tomar a melhor decisão sobre juros”, diz CEO do Itaú

Em mais um dia de recuperação, Ibovespa sobe 1% e dólar cai a R$ 5,62

Novo Nordisk tem lucro mais baixo no trimestre, mas vendas do Wegovy crescem 55%

Mais na Exame