Invest

Americanas: Rial encontra inconsistência de R$ 20 bi nas contas e decide não seguir como CEO

Problemas foram encontrados na linha de fornecedores

Americanas: mais de 3.000 pontos de venda, após aquisição de Hortifruti e Uni.co, dona das franquias Imaginarium e Puket (Americanas S.A./Divulgação)

Americanas: mais de 3.000 pontos de venda, após aquisição de Hortifruti e Uni.co, dona das franquias Imaginarium e Puket (Americanas S.A./Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 19h05.

Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 21h09.

Não precisou de mais de dez dias. A Americanas (AMER3) acaba de anunciar ter encontrado inconsistências contábeis estimadas em nada menos do que R$ 20 bilhões. “Foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta de fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo 2022.”

O buraco foi encontrado pela dupla Sérgio Rial, que assumiu no dia 2 como novo presidente, e André Covre, que ficou com a frente financeira. Ambos amplamente conhecidos pela ética e pela transparência, renunciaram a suas posições, mas não sem antes garantir que o mercado tomasse conhecimento daquilo que encontraram. A renúncia é imediata. A decisão foi tomada em conjunto com os acionistas de referência, Beto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann. Conforme fontes, ambos os lados entenderam que não fazia mais sentido os executivos continuarem.

O projeto já não é mais sobre revitalizar a operação da Americanas. Há muito a ser feito antes. O conselho de administração nomeou interinamente João Guerra como diretor-presidente. O executivo está na empresa há 30 anos. Quando chegou, a companhia tinha apenas 70 lojas. No total, tem agora mais de 3.000 pontos, entre as lojas tradicionais, as franquias da BR Mania, e ainda as operações da Uni.co (Imaginarium e Puket) e Hortifruti Natural da Terra. Será criado um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis.

Rial atuará como assessor dos acionistas, que estão na empresa há cerca de 40 anos, e afirmam no fato relevante que “pretendem continuar suportando a companhia”.

A Americanas está avaliada na B3 em cerca de R$ 11 bilhões — uma valorização da ordem de R$ 3 bilhões em relação ao fim de 2022. Esse é o valor após a combinação entre Lojas Americanas e B2W. Para se ter uma dimensão do que os R$ 20 bilhões significam, nos primeiros nove meses de 2022, a companhia movimentou R$ 40 bilhões em vendas. O impacto exato para o negócio não é conhecido.

A PwC é a auditora da empresa e o balanço não continha ressalvas ou ênfases apontadas. O atual valor de mercado da companhia corresponde a pouco mais do que aumento de capital realizado em 2020, de R$ 8 bilhões, no auge da pandemia. Foi por conta do dinheiro obtido nessa operação que a empresa comprou a Uni.co e o Hortifruti Natural da Terra.

Ao fim de setembro, a Americanas tinha R$ 8,6 bilhões em caixa e títulos e valores mobiliários. No contas a receber de clientes, um saldo de R$ 5, 4 bilhões em créditos. Os compromissos financeiros totalizavam R$ 18,6 bilhões, entre empréstimos e debêntures, e havia ainda outros R$ 5 bilhões a honrar fornecedores. O patrimônio líquido da empresa estava em R$ 14,7 bilhões.

 

Acompanhe tudo sobre:AmericanasGovernançaVarejo

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio