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Americanas (AMER3): posição em aluguel na bolsa dobra no ano e representa mais de 30% do free float

Crescimento pode estar relacionado à estratégia especulativa ou proteção de posição comprada

Americanas: ações caíram 96% desde o início da crise  (Americanas/Divulgação)

Americanas: ações caíram 96% desde o início da crise (Americanas/Divulgação)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 5 de julho de 2024 às 11h35.

Última atualização em 5 de julho de 2024 às 16h05.

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A Americanas (AMER3) encerrou o pregão de quinta-feira, 4, com 200 milhões de ações alugadas, o que representa 31,7% das ações da companhia em livre circulação (free float). Esse número tem crescido gradativamente nos últimos meses, atingindo o pico nesta semana. Em relação ao início do ano, o tamanho da posição em aluguéis dobrou. Dado o aumento da demanda, a taxa média do aluguel das ações da Americanas é a mais alta na bolsa, atualmente em 127%.

Posições alugadas em ações da Americanas (RocketTrader/Reprodução)

Ícone do varejo brasileiro, a Americanas enfrenta a maior crise reputacional de sua história. As ações, cotadas a R$ 0,42, acumulam 96% de desvalorização desde que as fraudes contábeis se tornaram públicas no início do ano passado. A queda em valor de mercado representa uma perda de R$ 8,7 bilhões, que coloca a Americanas, avaliada em R$ 360 milhões, entre as menores empresas da bolsa.

Uma operação clássica do mercado que envolve o aluguel de ações é a venda a descoberto. Nela, o investidor aluga as ações e as vende imediatamente, na esperança de comprá-las a um valor mais baixo no futuro e lucrar com a diferença entre os preços de compra e venda.

Essa aposta contrária ao preço das ações pode estar relacionada ao aumento dos aluguéis de Americanas, segundo Raphael Figueredo, CEO da Eleven Financial. Mas o analista avalia que, dado o contexto, o aumento das posições em aluguel pode ter mais relação com uma operação defensiva que especulativa.

Proteção x especulação

"Para evitar que o mercado especule contra, algum investidor pode estar alugando o máximo de ações disponíveis. É como se eu fosse dono de vários prédios de um condomínio e decidisse alugar o máximo de apartamentos disponíveis para reduzir a pressão de venda e sustentar o preço", diz Figueredo.

Essa estratégia, conta o analista, pode ser usada por sócios controladores, mas, apenas com dados de mercado, é impossível saber de onde está partindo. "A única certeza é que é algum investidor com uma posição comprada grande, porque não faz sentido alugar sem ter a ação, a menos para fins especulativos. Mas a ação, hoje, já está valendo R$ 0,40, então o ganho na posição vendida não é tão grande e ainda corre o risco de um short squeeze."

Já na finalidade defensiva do aluguel de ações, o investidor ficaria praticamente imune ao risco do short squeeze, que ocorre quando, numa disparada de preços, o investidor com posição vendida é obrigado a comprar a ação a um preço muito mais alto para encerrar a posição, retroalimentando as ordens de compra e, consequentemente, valorizando ainda mais o ativo. Nesse caso, como o investidor apenas alugaria a ação (sem fazer a venda na sequência), elas ainda estariam disponíveis para serem devolvidas sem a necessidade de comprá-las no mercado.

"O custo da operação é a taxa que se paga pelo aluguel, que, no caso das Americanas, está em um patamar de crise. É o preço para evitar um ataque especulativo na ação e diminuir a oferta. São condições de mercado. Nada impede que saia uma notícia amanhã, as ações disparem e ocorra a devolução das ações em aluguel", explica Figueredo.

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