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Alpargatas, dona da Havaianas, cai 2,4% e perde R$ 152 milhões em valor de mercado

Queda dos papéis coincide com repercussão de campanha publicitária com atriz Fernanda Torres

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 18h33.

Última atualização em 22 de dezembro de 2025 às 18h57.

A ação da Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas, caiu 2,39% e perdeu R$ 152 milhões em valor de mercado no pregão desta segunda-feira, 22. O movimento coincide com a repercussão do comercial da marca publicado no último final de semana, com a atriz Fernanda Torres, que repercutiu entre políticos e empresários.

No vídeo, a atriz diz: “Não quero que você comece 2026 com o pé direito”.

"O que eu desejo é que você comece o ano com os dois pés", afirma em seguida.

Grupos de direita foram as redes criticar uma suposta conotação política do vídeo. Dos Estados Unidos, o ex-deputado Eduardo Bolsonaro gravou um vídeo em que aparece jogando um par de Havaianas fora, em protesto à mensagem política do conteúdo.

A Alpargatas ainda não se manifestou.

Ruído pontual

Para analistas consultados pela EXAME Invest, a queda das ações pode estar relacionada à campanha, mas não passa de um ruído pontual e não de quebra de fundamentos. Isso porque os investidores estão começando a ficar mais sensíveis ao risco eleitoral.

Soma-se a isso o momento de baixa liquidez da bolsa em semana reduzida de negociações, em que “uma polêmica como essa consegue mexer com o preço da ação no curto prazo”, explica Caroline Sanchez, analista da Levante Corp.

Segundo ela, o mercado reage rapidamente a qualquer aumento de ruído, principalmente quando envolve marcas muito conhecidas e altamente expostas ao consumidor final. “Isso gera volatilidade e realização de posição por parte de investidores mais sensíveis a risco reputacional”, comenta.

Movimento especulativo

Apesar da queda, Mauricio Grandeza, consultor de varejo e presidente da Aprovare Brasil (Associação dos Profissionais do Varejo), diz que o movimento é meramente especulativo e de curto prazo. “Estamos na véspera do Ano Novo, daqui a uma semana isso já foi, serão águas passadas”, destaca.

Para ele, a repercussão não deve gerar impacto nas vendas, e o motivo é o próprio comportamento do consumidor: ele é pouco acostumado a aderir a esse tipo boicote. Sanchez concorda.

“Historicamente, boicotes pontuais tendem a fazer mais barulho do que efeito real em volume. O consumidor médio de Havaianas é muito mais amplo do que o público engajado politicamente nas redes sociais”, complementa.

Em sua análise, não há evidência concreta de que esse tipo de repercussão gere queda material de consumo no curto prazo, especialmente para um produto tão massificado, acessível e presente no dia a dia como Havaianas.

Entretanto, o que pode preocupar o mercado não é uma queda imediata nas vendas, mas o potencial desgaste da marca ao longo do tempo, caso a empresa seja constantemente ligada a debates políticos.

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