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Ações de empresas de consumo ganham fôlego com eleição de Lula

Empresas do setor respondem por cerca de 20% do valor de mercado das listadas no Ibovespa

Lula: Promessas de políticas de trasnferência e aumento de renda são alavancas para setor de consumo (Alexandre Schneider/Getty Images)

Lula: Promessas de políticas de trasnferência e aumento de renda são alavancas para setor de consumo (Alexandre Schneider/Getty Images)

No primeiro dia de pregão após a definição do nome de Lula (PT) como vencedor das eleições à Presidência, a volatilidade foi a marca do comportamento do mercado, mas a Bolsa brasileira terminou a negociação em alta de 1,3%. Ações de empresas estatais da União ficaram pressionadas, como a Petrobras (PETR3/PETR4) e Banco do Brasil (BBSA3), enquanto papéis das companhias ligadas ao consumo ganharam força, refletindo a perspectiva de investidores de que o setor pode se beneficiar.

É o caso das ações da dona da Havaianas, a Alpargatas (ALPA4), da varejista Lojas Renner (LREN3) e mesmo da companhia de turismo CVC (CVCB3). Também se valorizam algumas ações do setor de construção civil, como MRV (MRVE3).

Mas por que olhar para esse grupo de ações é relevante? Dos R$ 3,84 trilhões do valor de mercado das companhias que compõe o Ibovespa, índice com as ações de maior liquidez, cerca de 20% corresponde a empresas do varejo e serviços de bens de consumo. No caso do consumo cíclico, estão eletrodomésticos, vestuário, construção civil, turismo e aluguel de carros. Para bens de consumo não cíclico, estão alimentos e higiene pessoal. O levantamento é da plataforma TradeMap.

O otimismo do mercado com esses papéis se deve especialmente ao posicionamento do petista, que defende políticas de transferência de renda e medidas de valorização do salário mínimo. Uma das promessas de campanha, por exemplo, foi a de que o valor de R$ 600 atualmente pagos no Auxílio Brasil será mantido de forma permanente e não mais até dezembro.

Outra ponto do programa de governo de Lula que deve ser relevante para o comportamento do consumo é o de refinanciamento das dívidas, dado o alto nível de endividamento das famílias. O total de lares brasileiros com dívidas a vencer chegou a 79,3% em setembro, enquanto a fatia de famílias com contas em atraso alcançou a marca histórica de 30%, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Índice de consumo

O índice que reúne todas as ações da Bolsa que são ligadas ao consumo caminha para terminar o pregão com alta de 4%. Na lista estão fabricantes de alimentos e bebidas, processadoras de proteína, fabricantes de produtos de limpeza e higiene pessoal, laboratórios de diagnósticos e planos de saúde. Além, é claro, das varejistas de alimentos, eletroeletrônicos, serviços e vestuário. O índice acumula uma perda de pouco mais de 5% no ano, chegando a 3.615,92 pontos.

  • Ambev (ABEV3): +1,33%
  • Ânima (ANIM3): +10,37%
  • Vulcabras (VULC3):  +5,28%
  • Dasa (DASA3): +6,16%
  • Localiza (RENT3): +5,13%

Alimentação

Entre as categorias de consumo não cíclico, ou seja, aquelas que as pessoas continuam consumindo independentemente do cenário macroeconômico está o setor de supermercados, que devem ser os mais rapidamente beneficiados pelos programas de transferência de renda. "Acreditamos que as propostas políticas de Lula podem ser cada vez mais positivas para os consumidores", escreveram analistas do Goldman Sachs. Para eles, Assaí (ASAI3), Grupo Mateus (GMAT3) e Carrefour Brasil (CRFB3) tendem a ser as ações mais beneficiadas de políticas de estímulo ao consumo das classes mais baixas, dado que estão ligadas a itens de consumo básico e têm operação de atacarejo além de forte exposição às regiões com mais beneficiários dos programas.

  • Assai (ASAI3): +4,63%
  • Carrefour (CRFB3): +2,07%
  • Grupo Mateus (GMAT3): +6,15%
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