(Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 23 de novembro de 2022 às 09h46.
Resultados fracos para o terceiro terceiro trimestre e nível de preço das ações têm mantido analistas do BTG Pactual cautelosos sobre o setor na bolsa.
"À luz do recente aumento nas taxas de juros de longo prazo,os balanços alavancados devem continuar sendo um grande desafio para empresas de educação listadas. Como tal, ainda não estamos otimistas com o setor", avaliou o banco em relatório.
Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3), Ser (SEER3) e Ânima (ANIM3) apresentam crescimento de dívida líquida no terceiro trimestre. A Cogna foi a que teve maior expansão de sua dívida líquida, com alta de R$ 84 milhões para R$ 3,110 bilhões, encerrando o período com 2,15 vezes seu Ebitda ajustado anualizado. Já em relação ao Ebitda ajustado, foi a Ânima que apresentou maior crescimento de sua dívida líquida no período, com alta de 3,4 vezes para 3,8 vezes.
Somente a Cruzeiro do Sul (CSED3), entre as companhias do setor listadas na B3, reduziu sua dívida líquida, com queda de 63 milhões para R$ 509 milhões, 0,9 vezes seu ebitda ajustado.
Mas as preocupações do BTG vão além do fator financeiro. As captações no ensino presencial foram "fracas" no terceiro trimestre, com Yduqs, Ser, Cogna e Ânima apresentando números mais baixos na comparação anual. Já para a educação a distância (EaD) foram apenas "mistos" na visão do BTG, "com volumes maiores para Anima, Cruzeiro e Cogna, mas números menores para YDUQS e Ser".
Apesar do momento ainda negativo para o setor, os analistas avaliam que as ações devem "permanecer ultracorrelacionadas com o fluxo de notícias pós-eleitoral, incluindo especulações sobre o novo ministro da Educação do Brasil e mais detalhes sobre o novo programa FIES".
Promessas de campanha de que o governo petista intensificaria os recursos destinados ao FIES chegaram a impulsionar ações do setor ainda antes do resultado das eleições. Na época, por sinal, o BTG chegou a recomendar a seus clientes que não ficassem vendidos em papéis de educação, dado o risco de as ações subirem por anúncios de mais incentivos para a educação. Nos tempos áureos do FIES, o programa chegava a representar a metade das receitas do setor.