Embraer conquista analistas e rouba a cena na bolsa no início de 2011
Empresa surpreende com alta de 15% e já ocupa o topo do Ibovespa no ano
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 14h32.
São Paulo – As ações da Embraer (EMBR3) chamaram a atenção do mercado na última sexta-feira (14) com uma impressionante valorização de 10%. Apesar da forte alta, o que se viu nos pregões seguintes não foi a conhecida realização de lucros, mas outro movimento de tomada de posições. O desempenho foi ampliado com os resultados de 2010. Com isso, os papéis já ocupam a liderança do Ibovespa, chegando a 15%.
A empresa entregou 246 jatos no ano passado, além de pedidos firmes de 15,6 bilhões de dólares. Apenas no quarto trimestre foram 92 jatos, sendo 30 para aviação comercial, 61 para executiva e um para o segmento defesa. Os números de 2010 ficaram acima do objetivo (guidance) traçado pela empresa. O destaque ficou com a entrega de aeronaves executivas, com um aumento de 25% em comparação com 2009.
“O melhor de tudo é que o bom desempenho de entregas no trimestre vem acompanhado de uma significativa melhora nas perspectivas para o mercado mundial de aviação, em conseqüência do aquecimento do transporte aéreo internacional”, afirma Kelly Trentin, analista da Spinelli Corretora. Além disso, como lembra o Goldman Sachs em relatório recente, a Embraer goza de um duopólio no mercado de jatos regionais.
Confira galeria com imagens dos jatos mais vendidos da Embraer em 2010
“Os investidores do setor normalmente focam no duopólio do mercado de grandes jatos da Boeing e da Airbus. Entretanto, não conferem a mesma atenção para o mercado de jatos regionais, que atualmente também é um duopólio entre a Embraer e a Bombardier”, destacam os analistas Noah Poponak, Chun-Yai Wang e Alexandria Carroll. Os papéis foram incluídos na lista de “compra com convicção” do banco.
Para 2011, as projeções seguem otimistas. No dia 10 de janeiro a empresa anunciou a venda de 10 jatos Embraer 190 para a chinesa CDB Leasing, que serão operados pela China Southern, a maior companhia aérea do país e a terceira do mundo. Na segunda-feira (17), a Embraer fechou um contrato para revisão de 43 jatos de combate AMX da Força Aérea Brasileira (FAB).
Ademais, a fabricante anunciou ontem a criação de uma linha de financiamento com garantia 100% do governo brasileiro, que deve ajudar no financiamento de novas aeronaves para empresas estrangeiras. A primeira a utilizar essa nova estrutura foi a companhia de baixo custo nasair, da Arábia Saudita. “O fluxo de notícias para a companhia tem sido positivo nos últimos meses”, afirma Trentin.
O Goldman Sachs também espera que novos fatos deem um impulso de curto prazo para os papéis. Segundo os analistas, os comentários otimistas das outras companhias sobre o setor nos resultados do quarto trimestre de 2010, novos pedidos de jatos, o dia do investidor a ser realizado em março e os resultados da Embraer, também em março, devem dar um novo fôlego para as ações.
“Estamos mais otimistas com a Embraer em 2011 visto que a companhia tem anunciado um maior número de negociações com as companhias aéreas em todo o mundo e ainda por acreditarmos que a empresa tem os melhores jatos do mercado com 70 a 120 assentos ao menos até 2013, quando esperamos que a competição aumente. 2011 deve ser um ano de recuperação para a Embraer”, projeta Juliana Vasconcellos, analista da Ágora Corretora.
O Goldman Sachs, que já tinha elevado o preço-alvo para a Embraer na sexta-feira passada, aumentou a projeção mais uma vez ontem para refletir os números de 2010. O preço-alvo agora foi ampliado para 42 dólares, ante os 39 dólares projetados para as ADRs (American Depositary Receipts). "O maior potencial de ganho no segmento executivo é com o jato Phenom, onde acreditamos que a Embraer está superando a concorrência de forma significativa", ressaltam os analistas.
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