São Paulo – A agência de classificação de risco Moody’s publicou nesta terça-feira uma lista com as empresas em situação mais delicada de financiamento de dívidas. A equipe de EXAME.com selecionou dentre elas aquelas com ações listadas em bolsa e listou, a seguir, os indicadores produzidos com base nas estimativas da agência. Foram escolhidas apenas as empresas que possuem um caixa insuficiente para cobrir 150% das dívidas com vencimento nos próximos 12 meses.
A construtora Brookfield (BISA3) tem um elevado risco de disponibilidade de caixa, aponta a Moody’s. A nota da empresa é Ba3, com perspectiva estável. Segundo os cálculos e estimativas da agência, a liquidez disponível nos próximos dois anos cobrem apenas 39% das dívidas a vencer no mesmo período e 64% para 12 meses. A geração de caixa livre em 2012 foi negativa em 1,027 bilhão de reais. As ações têm queda de 38,3% em 2013. A Moody’s pondera que os contratos com o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) garantem 3,6 bilhões de reais para a empresa, valor suficiente para cobrir os projetos em andamento.
A Even (EVEN3), segunda construtora na lista, também apresenta um nível alto de risco de disponibilidade de caixa. Os recursos disponíveis nos próximos 24 meses garantem o pagamento de 59% das dívidas a vencer no mesmo período e 145% em 12 meses. A geração de caixa livre da empresa no ano passado foi de apenas 12 milhões de reais. O rating da empresa está em Ba3, com perspectiva estável. A Moody’s ressalta, contudo, que a necessidade de caixa é altamente mitigada pela disponibilidade sólida de fundos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). As ações têm desempenho estável em 2013.
A companhia aérea GOL (GOLL4) também está na lista das empresas com um risco alto de disponibilidade de caixa. Segundo os cálculos e estimativas da Moody’s, a empresa possui um caixa que garante o pagamento de 94% das dívidas com vencimento nos próximos dois anos e 149% em 12 meses. O fluxo de caixa livre ficou negativo em 342 milhões de reais em 2012. O rating da empresa é B3, com perspectiva estável. Durante o primeiro trimestre de 2013, a empresa concluiu a emissão de 200 milhões de dólares em notas para trocar a dívida de curto prazo e alongar o perfil de endividamento da empresa. As ações têm desempenho estável em 2013.
A fabricante de alimentos Marfrig (MRFG3) tem um risco considerado alto de disponibilidade de caixa, segundo a análise da Moody’s. A agência calcula que a liquidez disponível nos próximos 24 meses cubram apenas 69% das dívidas a vencer nos próximos dois anos. Em um ano, a Marfrig consegue cobrir 121% das dívidas a vencer no mesmo período. A nota de rating é B2, com perspectiva estável. O fluxo de caixa da empresa foi negativo em 911 mihões de reais em 2012. As ações têm queda de quase 24% em 2013. “Em dezembro de 2012, a Marfrig tinha 3,2 bilhões em dinheiro, o suficiente para cobrir 95% de sua dívida de curto prazo. Entretanto, cerca de um terço da posição de caixa da empresa está restrita, ligada a uma obrigação de longo prazo de exportação”, explica a Moody’s em sua análise.
A Rossi (RSID3) é a quarta construtora a aparecer na lista da Moody’s. De acordo com as estimativas da agência, o caixa disponível nos próximos 24 meses só é suficiente para cobrir 37% das dívidas a vencer no mesmo período e 60% em 12 meses. A geração de fluxo de caixa livre em 2012 foi negativa em 759 milhões de reais. A nota com a Moody’s é Ba2 e a perspectiva negativa. As ações da Rossi têm queda de 28% em 2013. “O fraco perfil de liquidez da Rossi reflete a alta alavancagem e a baixa geração de caixa. O risco de refinanciamento é amplamente mitigado pela disponibilidade de empréstimos por meio do SFH e o apoio constante dos acionistas que aumentaram o capital em 500 milhões de reais durante o quarto trimestre de 2012”, pondera a Moody’s.
A empresa de transportes Tegma (TGMA3) tem recursos em caixa nos próximos 24 meses suficientes para cobrir apenas 25% das dívidas com vencimento neste período e 36% nos próximos 12 meses. A geração de fluxo de caixa livre em 2012 foi negativa em 56 milhões de reais. O rating é Ba2, com perspectiva estável. A Moody’s lembra que a Tegma refinanciou a sua dívida de curto prazo com uma emissão de 200 milhões de reais no início de 2013. Daqui adiante, ressalta a agência, a liquidez será pressionada pelo elevado nível de pagamento de dividendos. As ações da Tegma têm queda de 25% em 2013.
A empresa, que produz cartões inteligentes e magnéticos e documentos, está na lista por possuir recursos disponíveis nos próximos 24 meses que cobrem apenas 51% das dívidas no mesmo período e 75% em 12 meses. A geração de fluxo de caixa livre em 2012 foi negativa em 81 milhões de reais. O rating é Ba2, com perspectiva estável. As ações da Valid (VLID3) têm baixa de quase 20% em 2013. A Moody’s lembra que a posição de liquidez da empresa se fortaleceu em março de 2013 com a captação de 250 milhões de reais com debêntures.
Com o rating B3 e perspectiva negativa, a construtora Viver (VIVR3) possui recursos nos próximos 24 meses capazes de cobrir 89% das dívidas no mesmo período e 68% em 12 meses. A geração de fluxo de caixa livre em 2012 foi negativa em 105 milhões de reais. As ações têm desempenho estável em 2013. A Moody’s ressalta que, atualmente, a liquidez da Viver é fraca e terminou 2012 com apenas 183 milhões de reais em dinheiro. A empresa possui cerca de 300 milhões de reais em empréstimos aprovados junto ao SFH que cobrem aproximadamente 80% dos projetos em andamento.
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