Anitta assina calçados da Grendene: empresa é aposta da NCH Capital (Divulgação)
Anderson Figo
Publicado em 27 de fevereiro de 2016 às 08h00.
São Paulo - Assim como o ano passado, 2016 não tem sido fácil para a renda variável. A Bolsa brasileira acumula perda em torno de 4% desde janeiro e analistas não enxergam espaço para uma retomada do Ibovespa tão cedo.
Mas há boas oportunidades para quem está disposto a garimpar e não tem pressa para obter retorno. Pelo menos essa é a visão de James Gulbrandsen, diretor da gestora americana especializada em mercados emergentes NCH Capital.
Em entrevista a EXAME.com, o responsável no Brasil pela gestora, que tem mais de US$ 3,2 bilhões sob custódia no mundo, citou quatro papéis que vê com bons olhos na Bovespa.
Grendene
O recuo perto de 5% da ação da fabricante de calçados Grendene (GRND3) neste ano não afasta o otimismo de Gulbrandsen com a companhia.
Dona de marcas conhecidas, como Melissa, Grendha, Rider e Ipanema, a Grendene tem uma vantagem sobre outras exportadoras, segundo o diretor: também tem demanda no mercado doméstico.
“No geral, as exportadoras brasileiras, incluindo a Grendene, têm se beneficiado da valorização do dólar nos últimos meses. Isso tem ‘salvado’ seus negócios”, disse.
“Mas o que diferencia a Grendene das demais é que, se o país sofresse uma reviravolta política que derrubasse a cotação da moeda americana, ela continuaria se dando bem. O mesmo não ocorreria com as produtoras de celulose, por exemplo”, completou.
Gulbrandsen justifica sua visão, entre outras coisas, com o perfil de produtos vendidos pela companhia. “Na crise, as pessoas deixam de tomar financiamentos de imóveis ou de carros, mas não adiam a compra de um chinelo.”
Ultrapar
Para o diretor, a Ultrapar (UGPA3) é uma das boas opções de defesa em um cenário negativo para a Bolsa. Isso porque o grupo possui empresas que atuam em diferentes setores.
“Se um dos setores vai mal, o desempenho é compensado por outros que vão bem”, afirmou. A Ultrapar é dona da distribuidora de gás Ultragaz e da distribuidora de combustíveis Ipiranga.
O grupo também atua no setor petroquímico, com a Oxiteno, e no setor farmacêutico, com a Extrafarma ---uma das dez maiores redes de drogarias do país.
Tem ainda a Ultracargo, maior provedora de armazenagem para granéis líquidos do Brasil.
Ambev
A fabricante de bebidas Ambev (ABEV3) também chama a atenção de Gulbrandsen. A empresa conseguiu elevar em 3% seu lucro em 2015, na comparação com o anterior, para R$ 12,423 bilhões.
“É uma companhia que sempre consegue aproveitar a conjuntura econômica. Se a economia vai bem, as pessoas bebem porque estão felizes. Se a economia vai mal, as pessoas bebem porque estão tristes”, disse.
Apesar de ter reduzido o volume de cerveja vendido no Brasil no último trimestre do ano passado, a Ambev conseguiu ampliar a receita nesse segmento.
O avanço foi de 8,4% frente a igual período de 2014, totalizando R$ 7,265 bilhões em cervejas vendidas no país. A própria companhia projeta um aumento entre 4% e 9% na receita líquida neste ano.
Raia Drogasil
A farmacêutica Raia Drogasil (RADL3) está na lista de Gulbrandsen pela predominância no setor e pela eficiência de gestão.
“A gestão da companhia é fantástica”, disse. “Ela faz com perfeição o que é mais difícil nesse setor: gerenciar o estoque. Há milhares de produtos que são vendidos em suas lojas e, se não houver controle sobre isso, o negócio vai por água abaixo.”
Segundo o diretor da NCH, boa parte dessa “excelência na gestão” da Raia Drogasil se deve à fusão que deu origem à companhia em 2011.
“A Droga Raia e a Drogasil tinham uma experiência centenária de gestão que foi potencializada com a união de suas operações”, afirmou.
Outra vantagem é o tamanho da empresa. Líder no setor, a Raia Drogasil consegue vender o mesmo produto que seus concorrentes por um preço menor, mas lucrando mais.
“Ela tem amplo poder de negociação com os fornecedores, o que é excelente para o negócio”, avaliou Gulbrandsen.