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Investidores querem um mundo carbono zero em 2050. E o Brasil?

Grupo de grandes gestores que administra 6 vezes o PIB brasileiro em ativos assina compromisso com a meta de zerar emissões em 30 anos

Gestores se comprometeram a trabalhar em parceria com clientes e a estabelecer uma proporção mínima de ativos de baixo carbono (Kadijah Suleiman/Embrapa Gado do MS/Divulgação)

Gestores se comprometeram a trabalhar em parceria com clientes e a estabelecer uma proporção mínima de ativos de baixo carbono (Kadijah Suleiman/Embrapa Gado do MS/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 10h46.

Um grupo de 30 grandes investidores, que administram mais de 9 trilhões de dólares em ativos, mais de seis vezes o PIB brasileiro do ano passado, acaba de assinar um compromisso com a meta de zerar emissões até 2050. O prazo está alinhado com as recomendações do Acordo de Paris, que estipula a data como limite para se chegar ao objetivo de manter o aquecimento global em 1,5° Celsius, condição mínima para evitar os efeitos negativos das mudanças climáticas.

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“Falamos muitos sobre um ponto de virada no setor financeiro. Mas, gestores desse porte se comprometendo com a meta de zerar as emissões em 30 anos realmente pode ajudar a virar o jogo a favor da transição para a economia de baixo carbono”, disse Sephanie Pfeifer, uma das idealizadoras da iniciativa e CEO da Institutional Investors Group on Climate Change (IIGCC), organização que reúne os maiores gestores de investimentos da Europa.

A lista de signatários conta com uma gestora brasileira, a Fama, uma das primeiras a apostar no ESG no Brasil.

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O lançamento da iniciativa coincide com o aniversário de 5 anos do Acordo de Paris, assinado no dia 12 de dezembro de 2015. O grupo fará um evento para celebrar a data, em parceria com a organização da COP26, conferência do clima da ONU que será realizada em Glasgow, Escócia, no próximo ano.

Para cumprir o compromisso, os investidores concordaram em realizar algumas ações, como trabalhar em parceria com os clientes para atingir as metas de descarbonização, estabelecer uma proporção mínima de ativos de baixo carbono em suas carteiras, e revisar esse piso a cada cinco anos, até atingir 100% dos investimentos.

E o Brasil?

Enquanto os investidores estabelecem o ano de 2050 como a data limite para a descarbonização, o Brasil está pensando 10 anos mais tarde. O Ministério do Meio Ambiente anunciou, na quarta-feira, 9, a nova NDC do país, que trata das metas de descarbonização dos países no âmbito do Acordo de Paris. O prazo estabelecido é até 2060.

A promessa do Brasil para o Acordo está na redução dos gases do efeito estufa em 43% até 2030. Para atingir essa meta, o país anunciou compromissos como o combater o desmatamento ilegal até 2030, o reflorestamento de 12 milhões de hectares e uma matriz energética composta por 45% de fontes renováveis.

Essa nova meta representa um enorme retrocesso na política climática brasileira. “A NDC anunciada é insuficiente e imoral. A redução de 43% nas emissões em 2030 não está em linha com nenhuma das metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a menos de 2°C ou a 1,5°C. Ela nos levaria a um mundo cerca de 3°C mais quente se todos os países tivessem a mesma ambição”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

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