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Ignorar poluição pode custar bilhões a governos, dizem economistas

Se as emissões continuarem nos níveis atuais, 63 países podem ter suas notas de crédito rebaixadas em mais de um nível até 2030

Mudanças climáticas: países podem ter notas de crédito rebaixadas caso não reduzam seus níveis de emissão de poluentes (Chris Conway/Getty Images)

Mudanças climáticas: países podem ter notas de crédito rebaixadas caso não reduzam seus níveis de emissão de poluentes (Chris Conway/Getty Images)

Não adotar políticas para reduzir a poluição pode custar centenas de bilhões aos governos, de acordo com economistas da Universidade de Cambridge, que usaram inteligência artificial para prever o efeito da mudança climática nas notas de crédito soberano.

Se as emissões continuarem nos níveis atuais, 63 países podem ter suas notas de crédito rebaixadas em mais de um nível até 2030, de acordo com o grupo, que inclui Moritz Kraemer, ex-diretor de classificação soberana da S&P Global Ratings. A nota dos EUA cairia dois degraus, e as classificações da Alemanha, Índia e Países Baixos poderiam ser rebaixadas em até três níveis. Até mesmo o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris significará um corte médio de 0,65.

Os desembolsos adicionais de juros sobre a dívida soberana por causa dos rebaixamentos associados ao clima poderiam custar aos governos entre 137 bilhões de dólares e 205 bilhões de dólares em pagamentos anuais de juros nas próximas oito décadas e representariam “uma mera fatia das consequências econômicas das emissões irrestritas”, disse a equipe de economistas em comunicado. O custo adicional para empresas seria de 62,6 bilhões de dólares no pior caso.

O alerta surge quando países emitem níveis históricos de dívida para enfrentar a pandemia. Reguladores dizem que as informações climáticas em grande parte não regulamentadas permitem o chamado greenwashing, ou a prática de maquiar metas verdes, e bolhas no crescente mercado de títulos que abordam problemas ambientais, sociais e de governança, ou ESG, na sigla em inglês. Os pesquisadores recomendaram que as agências de classificação de risco integrem as mudanças climáticas nas avaliações, citando o fracasso em prever a crise financeira de 2008.

“À medida que as mudanças climáticas afetam as economias nacionais, as dívidas se tornarão mais difíceis e caras de pagar”, disse Matthew Agarwala, economista ambiental do Instituto Bennett de Políticas Públicas de Cambridge, no comunicado. “Os mercados precisam de informações confiáveis e digeríveis sobre como as mudanças climáticas se traduzem em risco material.”

Os pesquisadores usaram inteligência artificial para calcular o efeito das mudanças climáticas nas classificações da S&P de 108 países ao longo de vários períodos. Eles disseram que, “sem sérias reduções de emissões”, 80 países terão as classificações cortadas em uma média de 2,48 degraus até 2100, com a Índia e o Canadá caindo mais de cinco níveis e a China, oito.

Em comparação, a pandemia até agora levou a 48 rebaixamentos de notas soberanas pelas três principais agências entre janeiro de 2020 e o mês passado, disseram os pesquisadores.

Países em desenvolvimento com notas de crédito mais baixas devem sofrer mais com os efeitos físicos das mudanças climáticas, enquanto as nações mais bem avaliadas provavelmente enfrentarão rebaixamentos mais acentuados, disse a equipe de Cambridge, observando que “isso se encaixa na natureza das classificações soberanas: aquelas no topo caem mais”.

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