ESG

Em meio à safra recorde, Bunge quer eliminar desmatamento no Cerrado

Uma das maiores tradings do mundo desenvolve plataforma para rastrear fornecedores de fornecedores. Meta é ter 100% da cadeia rastreada até 2025

A Bunge monitora mais de 8 mil propriedades no Cerrado brasileiro. Somadas, essas fazendas chegam a 11,6 milhões de hectares (Jaelson Lucas/AEN/Divulgação)

A Bunge monitora mais de 8 mil propriedades no Cerrado brasileiro. Somadas, essas fazendas chegam a 11,6 milhões de hectares (Jaelson Lucas/AEN/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 3 de março de 2021 às 09h48.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 12h50.

A trading e processadora de alimentos Bunge lança, nesta quarta-feira, um programa para monitorar a soja adquirida de fontes indiretas na região do Cerrado brasileiro. O programa vai permitir que as revendas e parceiros da empresa americana acessem o mesmo sistema de rastreamento utilizado nas compras diretas da companhia. A meta é ter 100% da cadeia rastreada até 2025.

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“Muitos produtores não sabem como devem proceder em relação às práticas ambientais de hoje”, afirma Roberto Marcon, diretor de origninação (compras) da Bunge. “A desinformação é o nosso grande desafio”.

Diretamente, a Bunge monitora mais de 8 mil propriedades no Cerrado brasileiro. Somadas, essas fazendas chegam a 11,6 milhões de hectares. Há um ponto cego nos fornecedores indiretos, no entanto, o que pode comprometer a soja comprada no Brasil. “Tem muita área já aberta no cerrado. Não é preciso desmatar para ampliar a produção”, diz Marcon.

A safra 2020/21 de soja deve atingir o recorde de 135,61 milhões de toneladas, segundo a consultoria Datagro. Em relação à temporada anterior, se confirmado, o resultado representará uma alta de 7%. No fim de setembro, quando teve início o plantio da safra de soja para 2020/2021, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) estimou que a área semeada com a principal commodity brasileira deve aumentar 3,8% em comparação ao ciclo 2019/2020.

Em meio à safra recorde, as tradings estão sendo pressionadas a acabar com o desmatamento no Cerrado, bioma que compreende boa parte do centro-oeste e do nordeste brasileiros e onde está concentrada quase que a totalidade da produção de soja. Em dezembro, uma coalizão de 160 empresas, entre elas Nestlé, GPA, Danone, Mondelez e Walmart, enviou uma carta pública aos grandes comerciantes de soja para pedir pela definição de práticas de mitigação do impacto ambiental causado pelas suas cadeias produtivas no Cerrado.

Receberam o manifesto as empresas ADMBungeCargillCOFCO InternationalLDC e Glencore, seis dos maiores comerciantes da commodity do mundo. No ano passado, a Cofco anunciou um programa para ter 85% da sua cadeia de fornecedores rastreada até o final deste ano, e 100% até 2023. O foco está nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que fazem parte do Cerrado.

Lucro da Bunge sobe puxado pela América do Sul

A Bunge registrou um resultado mais forte do que o esperado no quarto-trimestre de 2020. O lucro líquido ajustado atribuível à empresa foi de 191 milhões de dólares, comparado a 18 milhões de dólares no ano anterior. O resultado foi impulsionado pelo aumento dos preços das commodities e pelas vendas na América do Sul.

Nesse contexto, manter a soja brasileira livre de desmatamento é fundamental para evitar problemas internacionais, como a campanha do presidente francês, Emmanuel Macron, contra a compra da commodity do país. "Continuar a depender da soja brasileira seria ser conivente com o desmatamento da Amazônia", afirmou Macron, em sua conta oficial no Twitter.

A questão, segundo Marcon, da Bunge, é que não há soja proveniente de desmatamento na Amazônia sendo comercializada, graças à moratória da soja, compromisso internacional assinado pela indústria de alimentos de não comprar grãos de desmatadores na região. “Temos certeza de que não compramos nenhuma soja proveniente da destruição da Amazônia”, afirma. Para não dar munição aos detratores, o melhor é manter a operação limpa.

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