(seksan Mongkhonkhamsao/Getty Images)
É no começo do ano que surgem algumas despesas que podem até triplicar os gastos dos brasileiros. Contas como IPTU, IPVA, matrícula e material escolar são algumas das pendências financeiras típicas de início de ano, mas que pesam no bolso de muita gente por falta de planejamento. É nessa hora que surge a dúvida: vale a pena usar o dinheiro da reserva de emergência, que está aplicado em um CDB, no Tesouro Selic ou em outros ativos de liquidez diária?
Um levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em 2020 mostrava que apenas um a cada dez brasileiros conseguiria pagar as despesas de início de ano. Dos entrevistados, 22% afirmaram não ter feito um planejamento para honrar esses compromissos, enquanto 17% guardaram e/ou investiram dinheiro para cobrir os gastos desta época.
Não é o ideal resgatar esse dinheiro para pagar contas como IPTU e IPVA. Lembre-se de que a reserva de emergência tem o objetivo de cobrir imprevistos, que não é necessariamente o caso de gastos sazonais. Ela é destinada a momentos de um possível desemprego, um acidente, um tratamento de saúde, o conserto de um veículo, entre outras coisas.
“É preciso fazer um planejamento que inclua esses gastos de começo de ano. Porém, se não houver outra opção, é melhor resgatar da reserva do que se endividar”, afirma Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual digital. “Mas já com o compromisso de repor essa verba assim que possível. Muita gente tira, esquece e fica sem reserva. Depois, diante de um imprevisto, precisa tirar de ativos de maior risco”, explica.
Portanto, vale o lembrete: a reserva de emergência deve estar em aplicações de renda fixa, com liquidez diária e baixa volatilidade. Assim, o investidor garante que tem acesso ao dinheiro a qualquer momento e que não irá perder parte dos rendimentos no momento do saque, algo que poderia acontecer caso resgatasse aplicações em renda variável ou títulos cujo resgate só é vantajoso em termos de imposto de renda após meses ou anos da aplicação inicial, por exemplo.
Já com todas as despesas pagas, é hora de planejar e estabelecer metas para 2021. Além de colocar na ponta do lápis os planos para o ano que começou, entenda quais são exatamente suas receitas. Muitas pessoas não sabem ao certo o valor líquido de seu salário mensal. Assim, acabam gastando mais do que devem e investem menos do que poderiam.
Um bom planejamento também inclui mapear as despesas. Inclua nele as contas sazonais, como os impostos pagos no começo do ano — a exemplo do IPTU e do IPVA. Liste também os gastos essenciais, como aluguel, e aqueles que variam de acordo com o consumo, como contas de luz e de gás.
Com isso em mente, organize suas finanças. A regra 50-30-20, por exemplo, é uma referência para o orçamento das pessoas. Ela orienta que 50% da renda seja destinada a gastos fixos e essenciais, como água, luz, internet, alimentação e transporte. Despesas variáveis e relacionadas ao estilo de vida devem representar 30% da renda. Aqui, você pode incluir custos com delivery, restaurantes, cinema, roupas, planos de streaming ou TV a cabo.
Já os outros 20% são destinados aos investimentos. Ou seja, é um valor a ser poupado para garantir dinheiro para emergências ou um para bom padrão de vida no futuro. Caso entenda que a regra 50-30-20 não se encaixe nas suas necessidades, escolha alguma mais adequada ao seu perfil. Existem várias opções.
Se de fato tiver resgatado dinheiro no começo do ano, lembre-se de que o dinheiro poupado nos primeiros meses deve ir para sua reserva de emergência. “O montante ideal varia de três a 12 meses dos custos mensais fixos, de acordo com o perfil da pessoa”, afirma Costa.
“Um funcionário público, por exemplo, com estabilidade na carreira, pode acumular de três a seis meses. Já um empreendedor ou autônomo, que corre mais risco na vida profissional, precisa ter uma reserva reforçada, de até 12 meses”, explica. Assim, diante de um imprevisto, é possível ter um tempo razoável para resolver o problema sem precisar se endividar.
Esse montante deve ser aplicado em ativos que rendem, no mínimo, 100% do CDI ou da taxa Selic. Fique atento também à volatilidade, ou seja, as oscilações para ou cima ou para baixo que o valor aplicado pode sofrer. Resumindo, a aplicação precisa oferecer previsibilidade.
Há opções no mercado que trazem retornos superiores ao da poupança, como o Tesouro Selic, fundos de investimento do Tesouro Selic e CDBs com liquidez diária. “Neste último caso, vale optar por produtos de bancos conservadores, com baixo risco de crédito”, explica Costa.
O BTG Pactual digital, por exemplo, oferece dois Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) ideais para reserva de emergência. Com prazos de 12 ou 24 meses e uma aplicação inicial mínima de apenas 100 reais, as taxas de remuneração são de 103% e 104% do CDI — ambas superiores à rentabilidade da poupança (70% da Selic), independentemente da faixa de cobrança do imposto de renda, cuja alíquota é regressiva ao longo do tempo.