Desde 10 de setembro, quando a Oracle teve seu melhor dia desde 1992, após o anúncio de um contrato de US$ 300 bilhões em cinco anos com a OpenAI, a empresa já perdeu 46% de seu valor de mercado (Wong Yu Liang/Getty Images)
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Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 10h20.
Uma parte do mercado de inteligência artificial está enfrentando um período de grande volatilidade, com empresas de infraestrutura tecnológica como Broadcom, CoreWeave e Oracle registrando quedas acentuadas nas ações.
Embora ainda apresentem alta em 2025, o recente movimento de vendas sugere que investidores estão preocupados com a viabilidade dos pesados investimentos no setor e com a capacidade de gerar retornos suficientes para justificar os gastos.
Até agora, a Oracle se destaca como o grande exemplo de ascensão e queda acentuada na era da IA. No último balanço trimestral, seus gastos com a construção de data centers subiram de US$ 35 bilhões para US$ 50 bilhões, impulsionados por novos contratos com empresas como Meta e Nvidia, além do acordo firmado com a OpenAI em setembro.
A empresa também viu suas obrigações de aluguel para data centers e infraestrutura de nuvem subirem 148% desde agosto, atingindo US$ 248 bilhões, com prazos de 15 a 19 anos. As ações da Oracle, cada vez mais dependente de dívida para financiar a expansão, caíram 2,7% na segunda-feira, 15, acumulando uma queda de 17% nos últimos três dias.
Desde 10 de setembro, quando a Oracle teve seu melhor dia desde 1992, após o anúncio de um contrato de US$ 300 bilhões em cinco anos com a OpenAI, a empresa já perdeu 46% de seu valor de mercado. Sua relação dívida-receita atingiu 500%, muito acima de empresas como Amazon, Google, Meta e Microsoft, que têm índices entre 7% e 23%.
Em entrevista à CNBC, Matt Witheiler, chefe de crescimento da Wellington Management, destacou que a continuidade dos investimentos em IA depende de um retorno sobre investimento (ROI) positivo.
Embora o ROI tenha sido promissor até agora, ele aponta que todos os players de IA afirmam que, com mais capacidade de processamento, é possível gerar mais receita. No entanto, a reação negativa do mercado aos relatórios financeiros de Oracle e Broadcom, que tiveram crescimento da receita e previram aumento da demanda por IA, indica preocupações com a sustentabilidade do modelo.
A fabricante de chips Broadcom, por sua vez, espera que as vendas de produtos para IA dobrem neste trimestre em relação ao ano anterior, alcançando US$ 8,2 bilhões.
No entanto, a empresa alertou que os altos gastos com a produção de servidores e chips terão impacto nas margens de lucro, o que levou a uma queda de 5,6% em suas ações na segunda-feira, 15, após uma baixa de 11% na sexta-feira, 12.
Em relação ao pico alcançado na quarta-feira, 10, as ações da Broadcom estão agora 18% abaixo. Assim como a Oracle, a Broadcom fechou uma parceria com a OpenAI em setembro, por meio da qual a criadora do ChatGPT pretende lançar seu primeiro chip personalizado para IA já em 2026.
Enquanto isso, a neocloud CoreWeave, especializada em fornecer serviços de computação em nuvem por meio do acesso a GPUs da Nvidia, também viu suas ações despencarem 8% na segunda-feira, acumulando uma perda de mais de 60% desde o pico de junho.
A empresa estreou na bolsa em março deste ano e, antes de sua estreia, já havia assinado um acordo de US$ 11,9 bilhões com a OpenAI para fornecer capacidade computacional. Em setembro, o contrato foi ampliado para mais de US$ 22 bilhões. Até o final de outubro, as ações da CoreWeave haviam triplicado. Sua relação dívida-receita está em 120%.
Assim, as ações dessas três empresas, que tiveram altas acentuadas após assinarem contratos com a OpenAI, estão agora em queda livre. Muitos desses acordos, classificados como circulares, estão cada vez mais sendo questionados quanto à capacidade da OpenAI de gerar receita suficiente para honrá-los.
Ao mesmo tempo, as empresas precisam aumentar os investimentos para atender à crescente demanda e competir no mercado de IA, que não mostra sinais de arrefecimento, o que coloca em xeque a sustentabilidade financeira de seus modelos de negócios. Por enquanto, a queda nas ações reflete essa pressão.