Índia tem busca por 1 milhão de engenheiros para alta tecnologia; economia pode sofrer com consequências da falta da mão-de-obra qualificada. (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 11 de julho de 2024 às 07h54.
Última atualização em 11 de julho de 2024 às 09h38.
O setor de tecnologia da Índia enfrenta um desafio significativo: a necessidade de mais de 1 milhão de engenheiros altamente qualificados em inteligência artificial e outras áreas avançadas nos próximos dois a três anos. Essa demanda crescente não será atendida sem um investimento substancial em educação e treinamento. Para enfrentar essa lacuna de habilidades, será necessário um esforço coordenado entre governo, instituições educacionais e empresas do setor.
Para preencher vagas em setores como inteligência artificial, análise de big data e cibersegurança, será necessário reciclar mais da metade da força de trabalho atual, conforme explicou Sangeeta Gupta, vice-presidente sênior e diretora de estratégia da Nasscom, baseada em Bengaluru.
Em entrevista para a Bloomberg, Gupta enfatizou que a empregabilidade da força de trabalho é um desafio significativo, exigindo um esforço contínuo em um cenário digital dinâmico. O setor de tecnologia de US$ 250 bilhões (R$ 1,3 trilhão) da Índia é crucial para a economia, empregando cerca de 5,4 milhões de pessoas e contribuindo com aproximadamente 7,5% do PIB de mais de US$ 3 trilhões do país (R$ 16,25 trilhões).
Empresas de TI como a Tata enfrentam dificuldades para preencher vagas devido ao descompasso entre as habilidades dos trabalhadores e as exigências do mercado. A TCS recentemente declarou que não conseguiu preencher 80.000 vagas devido à falta de habilidades adequadas. A empresa também dobrou o número de funcionários treinados em inteligência artificial
Esses pontos destacam os avisos de economistas, como o ex-governador do banco central Raghuram Rajan, que alertam que a educação inadequada na Índia impedirá o crescimento em um país onde mais da metade da população de 1,4 bilhão de pessoas tem menos de 30 anos. Um relatório recente da Organização Internacional do Trabalho sugere que jovens com maior nível de educação têm mais probabilidade de estar desempregados do que aqueles sem escolaridade.
A raiz do problema de capacitação na Índia está no sistema educacional. Desde o ensino fundamental até o superior, as instituições não estão conseguindo preparar adequadamente os estudantes para as demandas do mercado de trabalho. As faculdades, em particular, não fornecem habilidades práticas suficientes, essenciais para os campos emergentes de tecnologia. Este déficit educacional está criando uma lacuna significativa entre as qualificações dos graduados e as necessidades das empresas de tecnologia.
Para enfrentar essa crise de capacitação, é crucial que o governo indiano intensifique seus esforços na reforma educacional e na promoção de programas de treinamento contínuo. As empresas de tecnologia também precisam investir em programas de reciclagem e capacitação de seus funcionários atuais. Além disso, parcerias entre o setor público e privado podem ajudar a criar currículos que atendam às necessidades do mercado, preparando melhor os estudantes para os desafios do futuro.
As empresas de TI, que são um pilar importante da economia do país, podem perder competitividade em relação a concorrentes globais, resultando em uma desaceleração no setor de tecnologia. Portanto, abordar esse problema com urgência é essencial para garantir o futuro econômico da Índia e seu papel de liderança no cenário tecnológico global.