Inteligência Artificial

Data centers no espaço; entenda a nova obsessão dos CEOs das big techs

Sundar Pichai, Elon Musk e outros CEOs preveem centros de dados em órbita para lidar com explosão de demanda por IA

Sundar Pichai e Elon Musk: declarações públicas dos CEOs apontam interesse pela exploração espacial  (Chip Somodevilla/Getty Images)

Sundar Pichai e Elon Musk: declarações públicas dos CEOs apontam interesse pela exploração espacial (Chip Somodevilla/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 16h50.

Última atualização em 7 de dezembro de 2025 às 19h02.

Google, SpaceX, OpenAI e Salesforce começaram a tratar publicamente centros de dados espaciais como uma possibilidade concreta para o futuro da inteligência artificial. A ideia, antes restrita à ficção científica, agora ganha força entre os principais nomes da tecnologia, diante da escalada da demanda computacional impulsionada por IA.

"Obviamente é um moonshot", disse o CEO do Google, Sundar Pichai, ao se referir ao Project Suncatcher, projeto anunciado em novembro e que visa "escalar aprendizado de máquina no espaço", segundo texto publicado pela própria empresa. Em entrevista ao podcast Google AI: Release Notes, Pichai admitiu que a ideia pode parecer "maluca" hoje, mas que faz sentido ao se considerar "a quantidade de computação que vamos precisar".

Pichai também sugeriu que, até 2027, o Google poderá ter um TPU, chip de IA proprietário da empresa, operando no espaço. "Talvez ele encontre um Tesla Roadster por lá", brincou, em referência ao carro lançado ao espaço por Elon Musk em 2018 com um manequim vestido com traje da SpaceX.

Outros executivos compartilham da mesma visão. Musk escreveu neste mês, na rede X, que a nave Starship pode lançar até 500 GW por ano em satélites de IA movidos a energia solar. A capacidade é quase dez vezes maior que os atuais 59 GW de todos os centros de dados na Terra, segundo o Goldman Sachs. "O ponto é o 'por ano'. É isso que torna tudo tão importante", afirmou Musk.

A preocupação comum entre os líderes do setor é com a viabilidade energética dos centros de dados terrestres. Estimativas apontam que o consumo global de eletricidade dobrará até 2050, puxado principalmente pela infraestrutura para IA. Nos EUA, esse setor já é o principal responsável pelo aumento da carga sobre a rede elétrica nacional.

Jeff Bezos, da Amazon, prevê que centros de dados podem migrar para o espaço "nos próximos 10 a 20 anos". Já Sam Altman, da OpenAI, afirmou que o planeta pode acabar coberto por centros de dados, "ou talvez a gente construa uma esfera de Dyson", brincou, em referência à estrutura teórica capaz de capturar toda a energia de uma estrela.

Marc Benioff, CEO da Salesforce, endossou a ideia. Para ele, o espaço seria o lugar de menor custo para centros de dados, já que "há sol contínuo e não são necessárias baterias", destacou em publicação na rede X. Em vídeo no mesmo evento com investidores na Arábia Saudita, Musk complementou: "A Terra recebe apenas um bilionésimo da energia do Sol. Se você quer algo com um milhão de vezes mais energia do que a Terra pode produzir, precisa ir ao espaço".

Centros de dados espaciais deixam de ser piada e viram plano de longo prazo

Ainda há obstáculos técnicos significativos — de resfriamento a transmissão de dados com baixa latência —, mas o fato de tantos CEOs citarem a possibilidade com naturalidade indica uma mudança de paradigma.

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