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Títulos sustentáveis ganham força no mercado global e no Brasil

Mercado de títulos sustentáveis cresce no Brasil, e expectativa é movimentar 100 bilhões de reais só neste ano.

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Publicado em 16 de outubro de 2024 às 13h46.

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Com o mercado global de títulos sustentáveis ultrapassando 2 trilhões de dólares, o Brasil desponta como um potencial líder no setor

Os títulos sustentáveis têm se consolidado como uma importante ferramenta no financiamento de projetos ambientais, sociais e de governança (ESG). Entre eles, os green bonds (títulos verdes) se destacam como um dos mais populares. Esses instrumentos são usados para financiar ou refinanciar projetos que promovam práticas de sustentabilidade ambiental, como energias renováveis, eficiência energética, gestão sustentável de resíduos e conservação de biodiversidade.

Os títulos verdes seguem os princípios estabelecidos pela Associação Internacional do Mercado de Capitais (ICMA). São quatro os princípios básicos:

1. Uso de recursos: os fundos devem ser aplicados exclusivamente em projetos ambientais;
2. Processo de seleção: os projetos financiados devem passar por um processo rigoroso de avaliação de impacto ambiental;
3. Gestão de recursos: deve haver uma separação clara entre os recursos arrecadados e outros fundos da empresa ou emissor;
4. Transparência: os emissores devem fornecer relatórios periódicos sobre o uso dos fundos e o impacto ambiental dos projetos.

Essas diretrizes garantem a confiabilidade e a rastreabilidade dos investimentos, assegurando que os fundos sejam aplicados de forma responsável e em projetos realmente alinhados com a preservação ambiental.

Títulos sustentáveis

Dentre os tipos de títulos sustentáveis, além dos títulos verdes, destacam-se os Sustainability-linked Bonds (SLBs), que atrelam suas emissões a metas de desempenho ESG, e os Climate Transition Bonds, focados na transição para uma economia de baixo carbono. Outros instrumentos incluem os Blue Bonds, que financiam projetos relacionados à água, e os Social Impact Bonds (SIBs), que promovem investimentos privados em iniciativas sociais com a garantia de reembolso pelo governo caso os resultados sejam alcançados.

Além disso, os Nature Bonds, que financiam a preservação e o gerenciamento de recursos naturais, têm ganhado atenção por sua proximidade com os títulos verdes, mas com foco em reduzir a perda de biodiversidade.

Uma inovação nesse setor é o conceito de Blended Finance, ou títulos mistos, que combinam investimentos públicos e privados para viabilizar projetos sociais e ambientais de alto risco. Nesses casos, o setor público absorve os riscos iniciais, incentivando o setor privado a participar de projetos que, de outra forma, seriam considerados arriscados demais. Esse modelo tem sido visto como um grande impulsionador de financiamentos sustentáveis.

Panorama do mercado sustentável

Apesar dos avanços, o mercado de títulos sustentáveis enfrenta desafios, como a definição de padrões claros para a economia de baixo carbono e o combate ao greenwashing, prática em que empresas se promovem como mais sustentáveis do que realmente são. Críticos argumentam que os reguladores ainda têm dificuldades em impor diretrizes ESG rigorosas, levantando preocupações sobre a efetividade desses mecanismos no longo prazo.

No mercado global, China, Estados Unidos e Alemanha são líderes, tendo impulsionado emitido mais de 2 trilhões de dólares em títulos verdes. Mesmo com desafios como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o crescimento desse segmento continua forte, com a China emergindo como o principal emissor, segundo dados de 2023.

No Brasil, o mercado de títulos sustentáveis é tímido, mas continua em crescimento. Em 2024, o governo federal destinou mais de 100 bilhões de reais para projetos nessa área. A expectativa é de que o país se torne um protagonista global nesse mercado, aproveitando suas vastas reservas naturais e a crescente demanda por soluções ambientais e sociais.

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