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Unicamp desenvolve sistema em blockchain para rastrear ciclo de vida das baterias

‘Passaporte digital’ promete abranger toda a cadeia produtiva por meio da tecnologia que suporta as criptomoedas, da extração do minério ao descarte.

Digital generated image of blue and yellow glowing data on black background. (Getty Images/Reprodução)

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Cointelegraph
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Agência de notícias

Publicado em 19 de novembro de 2023 às 10h00.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou recentemente que deu início a um estudo para desenvolver um “passaporte” digital de baterias. Trata-se de um sistema baseado em blockchain de rastreamento desses dispositivos que mapeará o ciclo de vida completo das baterias, da extração do minério utilizado em sua fabricação até o reuso, a reciclagem e o eventual descarte.

Desenvolvido por 15 pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Unicamp, o projeto está previsto para durar três anos e conta com financiamento da multinacional francesa TotalEnergies. Ele integra um acordo de R$ 22,9 milhões firmado em junho pela Unicamp e a empresa prevendo a execução de seis projetos, todos nas áreas de energia solar e baterias.

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“Queremos entender as baterias desde o berço até o descarte ou a reciclagem. É como se você colocasse um chip de rastreamento nelas, em todas as etapas pelas quais elas passam, para mapear os processos e saber o quanto emitem de gás carbônico, quanta energia elétrica e água foram utilizadas e quem são os responsáveis por fazer a reciclagem delas”, salientou o professor Hudson Zanin, coordenador do projeto no Cepetro e docente na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp.

De acordo com a Unicamp, o sistema pretende abranger toda a cadeia produtiva, desde a extração do minério, o transporte de caminhão, trem ou navio, a produção propriamente dita – realizada em geral, na China – e a entrega e uso do produto nos países de destino.

“Após a fabricação das células, elas passam por vários donos, como importador e o fabricante de veículos ou de eletrônicos, antes de chegar ao consumidor. É preciso saber quem vai cuidar da reciclagem das baterias. Saber quem de fato é o dono da bateria entre o fabricante e o usuário final. É preciso regulamentar”, acrescentou Zanin.

Plataforma em blockchain

O pesquisador explicou que o grupo pretende desenvolver uma plataforma online com a tecnologia blockchain, conectando diversas empresas em uma mesma cadeia de dados. Isso porque, segundo ele, “nenhuma empresa que fabrica bateria quer dar informação para as outras.”

“Os dados serão criptografados, pois a informação é uma coisa extremamente valiosa e é preciso obter essas informações de maneira que os donos desses dados fiquem protegidos”, revelou.

Zanin disse ainda que o sistema valerá para qualquer bateria, independentemente da tecnologia utilizada para a sua fabricação ou de sua finalidade – seja para veículos elétricos, para celulares ou para a indústria.

A Unicamp informou ainda questões as informações sobre a vida útil do dispositivo, como por exemplo sobre a forma de utilização dele ao longo do tempo, ajudarão também a desenvolver modelos a fim de prever o estado de saúde das baterias e melhores estratégias para o carregamento e descarregamento, classificação, avaliação do nível de risco e otimizações para um segundo uso.

“Trata-se de um projeto sobre dados. Com informações sobre carga e descarga, sobre o estado de carga e saúde dessa bateria e sobre como ela está sendo ciclada em função das correntes e temperaturas. Com isso você pode prever quanto tempo ela vai durar. Do ponto de vista comercial, isso faz uma grande diferença nos modelos de negócio. Não se trata apenas da questão ambiental”, defendeu o professor.

De acordo com o coordenador do projeto, a plataforma será interessante para a indústria de baterias, para fabricantes de automóveis, para os governos e para o meio ambiente, uma vez que favorece a reciclagem e traz mais transparência ao processo.

“Hoje não se sabe quem são os donos das baterias e como elas vão parar no lixão. E o problema é que o volume de baterias ainda vai aumentar muito nos próximos anos”, afirma. “O projeto vai contribuir para essa conscientização. E ajudará a fazer um mapeamento e prover um melhor uso desses dispositivos”, justificou.

Segundo ele, o Brasil poderá seguir os passos da União Europeia (UE) na regulamentação das baterias. Em junho, o Parlamento Europeu aprovou medidas para fortalecer as regras de sustentabilidade na fabricação, no uso e no descarte de baterias, sejam elas portáteis, de veículos elétricos ou industriais, estabelecendo exigências, metas e obrigações para os fabricantes.

Haverá níveis mínimos obrigatórios de metais reciclados na composição de novas baterias – inicialmente elas terão de ter 16% do cobalto reciclado, 6% do lítio e 6% de níquel. As baterias também terão de ter uma documentação sobre o conteúdo reciclado presente na sua composição. Algumas metas devem ser cumpridas já em 2025 e 2027.

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