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"Só o bitcoin é descentralizado", diz o maior trader de cripto do mundo

Tone Vays, ex-executivo do JPMorgan que pediu demissão para ser trader de bitcoin, acredita que apenas o bitcoin apresenta descentralização e escassez digital verdadeiras no mercado

“Os outros me consideram um maximalista do bitcoin, mas eu prefiro me considerar um minimalista de shitcoins”, disse Tone Vays (Reprodução/Unsplash)

“Os outros me consideram um maximalista do bitcoin, mas eu prefiro me considerar um minimalista de shitcoins”, disse Tone Vays (Reprodução/Unsplash)

Tone Vays é um dos maiores traders de bitcoin do mundo, mas este não é o ponto de partida da sua trajetória no mercado financeiro. Tone trabalhou durante anos nos mercados tradicionais com a negociação de ações, e chegou a ser vice-presidente de análise gráfica no JPMorgan, importante nome entre os bancos de investimento.

No entanto, Tone Vays largou tudo isso para negociar bitcoin, a criptomoeda pela qual virou entusiasta e defende até hoje, quase uma década depois. No Brasil para o evento CryptoMinds, o trader revelou não ter nenhum arrependimento da decisão. “Eu queria ser meu próprio chefe, e gostava muito de fazer trading. Eu era muito bom nisso. Então eu finalmente pedi demissão e comecei meu canal no YouTube. Negociar criptomoedas me ajudou a chegar lá”, revelou Vays, em entrevista à EXAME. Seu canal no YouTube já conta com 120 mil inscritos.

Um grande defensor do bitcoin, Vays deu declarações polêmicas sobre o mercado de criptomoedas. Para ele, DeFi e NFTs, os setores mais quentes do momento quanto falamos em criptoativos, não são bons investimentos. Pior: tratam-se de esquemas de pirâmide.

“DeFi significa finanças descentralizadas, mas não é realmente descentralizado. Só o bitcoin é descentralizado”, afirmou. O trader citou uma funcionalidade muito utilizada em DeFi para justificar seu pensamento. “Yield Farming é só uma forma da pessoa imprimir dinheiro e convencer outras pessoas a fazer o staking de outro token de valor como o bitcoin e o ether, para gerar renda no token que eles inventaram, convencendo outras pessoas a promover esse token para que outra pessoa o compre. Para mim, Yield Farming é pirâmide, e eventualmente, todos os esquemas de pirâmide desmoronam”, explicou Tone Vays.

“É sempre assim: bitcoin, só que diferente, bitcoin mais um detalhe que será a nova onda do mercado, e por aí vai. Agora as pessoas estão esquecendo de DeFi, porque entenderam que era um esquema de pirâmide, e estão focando nos NFTs”, comentou o trader, que utilizou um relógio e cinto estampados com o símbolo do bitcoin para comparecer ao evento.

(CryptoMinds)

Durante a entrevista, o ex-executivo do JPMorgan ainda explicou porque acha que apenas o bitcoin reflete uma descentralização verdadeira. “Você não consegue criar a descentralização. Ela precisa surgir naturalmente. E ninguém acreditava no bitcoin. Quando ele foi lançado, mais ou menos dez pessoas acreditavam nele, e esse número foi aumentando. O criador do bitcoin deixou o projeto bem cedo, e mesmo assim o bitcoin cresceu sozinho. É impossível recriar isso”, disse. O criador ou criadora do bitcoin permanece desconhecido para o mundo até hoje. Sob o pseudônimo Satoshi Nakamoto, ele ou ela abandonou o projeto pouco tempo depois, deixando uma carteira digital com um patrimônio que hoje valeria uma pequena fortuna, intocada.

Para Tone Vays, o bitcoin é realmente especial e representa uma inovação que o mundo ainda não foi capaz de reproduzir. “O bitcoin é especial e diferente de tudo no mundo cripto. O bitcoin é tão diferente das outras criptomoedas, quanto ele é das moedas fiduciárias”, disse o trader, que afirma ser um bom momento pra investir na maior criptomoeda do mundo caso esteja pensando no longo prazo.

Apesar da preferência, ele deixa claro que não é contra o investimento em outras criptomoedas. “Não tem nada de errado de investir em outras criptomoedas se te faz rico. Não sou contra o trading, sou contra a promoção antiética de determinados projetos”, justificou, citando a criptomoeda-meme dogecoin como exemplo. Ao contrário do bilionário Elon Musk, Vays se demonstrou pouco otimista e cético quanto às notícias que circulam sobre a moeda. “A dogecoin não vai ser usada na lua, desculpe pessoal”, afirmou em tom de brincadeira durante uma de suas palestras no evento.

(Mynt/Divulgação)

Os defensores mais ferrenhos do bitcoin são comumente chamamos de “maximalistas do bitcoin” na internet. Nomes importantes se orgulham deste título, como o criador da Ethereum Vitalik Buterin e o bilionário Michael Saylor, CEO da empresa de capital aberto que mais possui unidades da criptomoeda em sua tesouraria. No entanto, Tone Vays não acredita ser um deles. “Os outros me consideram um maximalista do bitcoin, mas eu prefiro me considerar um minimalista de shitcoins”, disse. O termo “shitcoin”, no universo cripto, se refere às criptomoedas cujos projetos possuem pouco ou nenhum fundamento, e vivem apenas da propaganda gerada em torno delas para convencer investidores a comprá-las.

O CryptoMinds ocorreu entre os dias 29 de abril e 1 de maio de forma presencial em São Paulo. Seu objetivo foi trazer um viés comportamental na educação financeira de investidores do universo cripto. O evento reuniu mais de mil pessoas, que pagaram entre R$ 1.200 e R$ 2.497 para assistir a palestras de Tone Vays e outros nomes de destaque do setor. De acordo com Rodrigo Miranda, organizador do evento, o objetivo foi fazer algo diferente, que associasse conhecimento, tendências de investimentos no mercado cripto e financeiro, boas práticas para gestão de risco e gestão de carteiras múltiplas e as maiores referências do mercado em um ambiente interativo.

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