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Rali de fim de ano é possível para as criptomoedas?

A tradição joga a favor, enquanto os sinais do ciclo pedem uma leitura mais cuidadosa. Entenda.

 (Reprodução/Reprodução)

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FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 11h00.

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Dezembro entra na reta final com um bitcoin preso na mesma faixa e um mercado que não sabe para onde olhar.
O calendário costuma alimentar a expectativa de um rali de fim de ano, mas o contexto atual pede mais leitura de cenário do que a aposta de que a história vai se repetir.

Esta semana, o bitcoin flutuou entre US$ 89 mil e US$ 94 mil. Na tarde de sexta-feira, 12, o ativo circulou em torno dos 90 mil.

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Tivemos nova reunião do FOMC, uma das peças centrais do quebra-cabeça para o fechamento de 2025. Com um corte de juros já bastante antecipado pelo mercado, a atenção se voltou para a linguagem e as projeções futuras do banco central americano.

A percepção é que o Fed segue cortando, mas sem ampliar o impulso. As estimativas atuais apontam para apenas alguns ajustes até 2026, o que reduz a perspectiva de mais liquidez entrando no sistema, justamente o tipo de combustível que acelerou ciclos anteriores.

Decisões do Fed que confirmam um ambiente de juros mais baixos seguem sendo um fator de apoio para o bitcoin no médio prazo. Mas no curto prazo, a reação costuma ser mais técnica e influenciada pelo sentimento que já estava precificado.

Sazonalidade e histórico

Um dos argumentos que alguns veem para o otimismo de fim de ano vem da análise sazonal e de ciclos.

Historicamente, existem padrões sazonais que já favoreceram retomadas ness período. Alguns analistas têm comparado o desenho atual com a virada de 2022/2023, quando um fundo mais profundo deu lugar a uma forte recuperação em 2023.

Se a história se repetir, esse fundo pode já ter sido formado e um movimento de alta guardado para dezembro faria sentido.

Ainda assim, a gente sabe que repetir o passado não é garantia, principalmente porque hoje o motor do mercado é mais institucional e menos varejo. Essa nova formação altera a dinâmica e a velocidade das reações do mercado a quaisquer catalisadores, sejam eles de alta ou de baixa.

"Apatia" pode ser positiva?

Dados de derivativos oferecem outro ângulo considerado otimista. De acordo com análise do CryptoQuant, o open interest (interesse em contratos futuros abertos) do bitcoin nas corretoras descentralizadas atingiu seu menor patamar desde abril, quando o ativo operava a US$ 75 mil.

De acordo com analistas da casa de research, essa queda costuma indicar dois cenários: a capitulação de investidores ou o que eles chamam de “apatia”.

Enquanto isso, o índice de alavancagem estimado também recuou de maneira significativa desde o meio de novembro.

Esse mix de pouca especulação e alavancagem enxuta costuma marcar aquela fase de cansaço do mercado, quando a oferta vendedora vai se esgotando aos poucos e já não tem força para empurrar o preço para baixo.
Fases como essas, em que o excesso de especulação é eliminado, já precederam movimentos sustentados na história da criptoesfera.

Um relatório da Coinbase Institutional desta semana reforça essa leitura. Segundo a corretora, o excesso de especulação já teria saído de cena: a alavancagem sistêmica recuou para algo entre 4% e 5% do valor total do mercado, um patamar bem mais saudável.

Na prática, essa “faxina” reduz o risco de liquidações em cascata e aumenta a chance de que qualquer nova onda de compras, mesmo modesta, mexa mais no preço.

O que pode apertar o freio?

Mas o cenário está longe de ser linear. Mesmo com o bitcoin andando de lado, o capital segue se movimentando e alguns sinais estruturais indicam que qualquer avanço vai exigir mais força do que o mercado tem mostrado até agora.

Os dados recentes de ETFs mostram um mercado em rotação. Na quinta-feira, 11, enquanto os ETFs de bitcoin e ether registraram saídas, os de Solana e XRP mantiveram entradas constantes.

Parte do fluxo institucional parece estar migrando temporariamente para ativos com narrativas diferentes, o que pode diluir o impulso de compra concentrado no BTC no curto prazo.

Esse comportamento é um reflexo da própria maturidade institucional que agora sustenta o mercado. A decisão de comprar ou vender não é feita no impulso, mas se torna um processo baseado em análises e realocações estratégicas.

Esse motor mais pesado garante estabilidade, mas também significa que os movimentos de alta tendem a ser mais graduais e menos explosivos.

Pelos dados on-chain, a força vendedora ainda é uma realidade. Como levantado por analistas da Glassnode essa semana, as baleias têm comprado na queda, enquanto muitos short-term holders (STH), os chamados investidores de curto prazo, seguem segurando posições em prejuízo.

Ao mesmo tempo, detentores de longo prazo (LTHs), que vêm realizando lucros de forma consistente desde os picos do ano, têm funcionado como fonte de oferta nos momentos de alta. Esse movimento adiciona pressão vendedora justamente quando o preço ganha tração, limitando a força e a durabilidade dessas pernadas.

Por fim, no cenário macro, o Fed entregou o corte que o mercado esperava. Mesmo assim, com projeções de crescimento mais firmes e um quadro fiscal menos confortável, pode ficar difícil justificar uma sequência de novos estímulos no curto prazo. E, em um ambiente em que a liquidez global não cresce como antes, fica claro que não há aquele impulso extra que costuma acelerar os ciclos de risco.

Como agir nesse momento

Se for entrar, faça isso em partes. Alocações fracionadas reduzem o risco de capturar o mercado no pior momento.
Evite alavancagem. Em ambiente de liquidez incerta, ela mais atrapalha do que ajuda.
Acompanhe os fluxos. ETFs, volume spot e direção do capital institucional dizem mais sobre o momento do que o preço isolado.

Observe a liquidez global. Ela costuma determinar o apetite por risco. Cortes de juros só funcionam quando vêm acompanhados de liquidez real.

Tenha horizonte. A consolidação de hoje favorece quem olha para o médio e longo prazo, não para o intradiário.

O recado a caminho do encerramento do ano é: estamos num ciclo que avança por etapas, não por explosões.
Entender isso separa quem opera no ruído de quem constrói posição com coerência. O próximo movimento vai depender de leitura, não de torcida.

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