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Polymarket: conheça o "mercado de apostas descentralizado" que virou sensação com eleições nos EUA

Projeto registrou US$ 275 milhões em volume movimentado em julho, mais que o dobro na comparação com o mês anterior

Polymarket foi criado no blockchain Polygon (Reprodução/Reprodução)

Polymarket foi criado no blockchain Polygon (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 26 de julho de 2024 às 06h45.

O mês de julho ainda não chegou ao fim, mas a plataforma Polymarket já atingiu um recorde histórico. No acumulado do mês, o projeto registrou mais de US$ 275 milhões (R$ 1,5 bilhão, na cotação atual) de volume movimentado pelos seus usuários, o maior valor mensal desde a estreia da iniciativa.

O recorde reflete uma "explosão" do Polymarket nos últimos meses, apoiado principalmente pelo alto interesse de investidores nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Entretanto, a plataforma tem uma história mais antiga, e é mais um caso de uso para a tecnologia blockchain.

O que é o Polymarket?

O Polymarket se define como"o maior mercado de previsões do mundo", em que os usuários podem "aposte no resultado de eventos futuros em uma ampla variedade de temas, como esportes, política e cultura pop" e obtendo "probabilidades precisas em tempo real dos eventos que são mais importantes para você".

Inicialmente, o projeto não parece ser muito diferente dos sites de apostas tradicionais, inclusive os mais famosos de apostas esportivas, que criaram um mercado bilionário no Brasil. A plataforma conta com vários tipos diferentes de eventos, como as chances do Federal Reserve cortar os juros nos Estados Unidos ou qual time será o campeão do Super Bowl 2025.

As chances da aposta se concretizar são convertidas em um valor, no caso em centavos. Por exemplo, no momento as chances do Fed manter os juros do país na reunião de julho para os usuários do Polymarket é de 92,5%, e por isso a aquisição de uma "cota" de aposta nesse resultado é de 92,5 centavos de dólar.

Caso esse evento se concretize, ou seja, a ocorrência passe a ser de 100%, os compradores da aposta recebem 8 centavos de dólar por cota adquirida. Por isso, quanto menor a chance da aposta ocorrer, maior o ganho potencial caso ela acabe se concretizando. Para comprar as cotas, é preciso fazer depósitos em USDC, uma stablecoin pareada ao dólar.

Portanto, assim como em outros sites de aposta, o Polymarket também traz riscos para os usuários. Entretanto, o diferencial do projeto está no uso da tecnologia blockchain.

Blockchain para "apostas descentralizadas"

Na prática, o Polymarket opera como um "mercado de apostas descentralizado", o que significa que qualquer usuário pode criar um "evento" - como as chances desta reportagem ser lida até o final - e criar um mercado de apostas em torno dele. A descentralização é possível graças à tecnologia blockchain, no caso a rede Polygon.

A confirmação da ocorrência do evento para o pagamento das apostas é feito por meio de um sistema de oráculo, uma espécie de ponte entre dados dentro e fora de blockchains. Após o evento ocorrer, um usuário submete a confirmação no oráculo e qualquer outro usuário pode fazer a verificação ou refutar a prova apresentada. Com a validação na rede, as apostas são pagas.

Nos sites de apostas tradicionais, apenas a dona do site pode criar os eventos de apostas. E é ela também a responsável por fornecer a liquidez para cada mercado de aposta. Já no Polymarket, outros usuários podem fornecer a liquidez para o evento criado. Em troca, eles recebem uma taxa por cada operação de compra e venda de determinada cota de aposta.

Segundo os responsáveis pela plataforma, a lógica por trás do funcionamento permite que o projeto economize nas taxas que precisaria pagar para os intermediários que, tradicionalmente, realizem ou possibilitam essas etapas, além de gerar mais liquidez.

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Eleições nos EUA

Criado em 2020, o Polymarket vem ganhando cada vez mais destaque neste ano por causa de um evento específico: as eleições nos Estados Unidos.

Atualmente, a plataforma conta com diversos eventos diferentes ligados ao pleito: as chances de vitória dos candidatos (62% para Donald Trump contra 38% para Kamala Harris), as chances de Joe Biden terminar seu mandato (70%) e até as chances de J.D. Vance ser substituído como o candidato a vice de Trump (10%).

A combinação da tradicional concentração das atenções ao redor do mundo nas eleições norte-americanas com os diversos acontecimentos imprevisíveis no ciclo deste ano - de uma tentativa de assassinato à desistência de um dos candidatos - acabou criando um cenário perfeito para a expansão de um mercado de apostas.

Em junho, a plataforma movimentou US$ 100 milhões, mas o número já dobrou neste mês. No início de janeiro, o Polymarket contava com 4 mil usuários ativos. Hoje, são 33 mil. Apenas no "evento" de apostas em torno do vencedor das eleições, já foram movimentados US$ 318 milhões desde a criação das opções de aposta, enquanto as especulações em torno de substitutos de Joe Biden movimentaram US$ 221 milhões.

Apesar do sucesso com as eleições, porém, o Polymarket é proibido nos Estados Unidos e recebeu uma multa de US$ 1,4 milhão em 2022 dos reguladores do país por violar as leis sobre apostas. Mesmo assim, usuários do país podem contornar a proibição usando VPNs.

Na esteira dessa explosão, a empresa por trás da plataforma obteve em maio US$ 45 milhões em uma rodada de investimentos de série B, indicando que os planos de crescimento do projeto estão longe de acabar.

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