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OKX aposta em "turbinar experiências" na Fórmula 1 para atrair investidores

Em entrevista à EXAME, CMO de corretora de criptomoedas falou sobre projeto com a McLaren para homenagear Ayrton Senna

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 10h06.

Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 12h20.

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"Turbinar experiências". Esse é termo usado por Haider Rafique para explicar o objetivo da OKX com sua estratégia de patrocínio na Fórmula 1. Hoje, a corretora de criptomoedas é a maior patrocinadora da McLaren, uma das principais e mais antigas escuderias do esporte. E, para o CMO da exchange, o movimento vai muito além de apenas "colocar nosso logo em algum lugar".

Em entrevista exclusiva à EXAME em Singapura, antes da próxima corrida da Fórmula 1 no país, Rafique destacou que a OKX chegou depois de outras exchanges no mundo da F1, mas que isso foi intencional: "Em 2021, muitos funcionários e executivos da própria OKX me ligavam perguntando sobre e quando iríamos patrocinar alguma escuderia. E eu falava que não queria fazer isso naquele momento. Por que fazer quando todos estão fazendo?".

Se, naquele ano, a euforia em torno desses patrocínios milionários estava em alta, o cenário mudaria no ano seguinte. A quebra de diversas grandes empresas do mundo cripto colocou essa estratégia em cheque, em especial após a falência da FTX, naquele momento a segunda maior exchange do mundo e patrocinadora da Mercedes.

"Em 2022, as quebras de empresas começaram e aí eu disse que era o momento. Falamos com a Red Bull, mas não achamos que valia a pena fechar o contrato. Escolhemos a McLaren tanto porque era mais barato naquele momento quanto por causa do legado. É uma escuderia com mais de 50 anos, encaixava melhor na nossa cultura de resiliência e disciplina, a McLaren se liga a isso. A Red Bull é mais de inovação, é uma marca mais nova", explica.

Fórmula 1 e mundo cripto

Na visão de Rafique, a ligação da OKX com a McLaren se mostrou essencial para a recente recuperação da escuderia e seus pilotos no campeonato desse ano. "Foi graças a nós que eles se recuperaram", resume. O executivo da corretora de criptomoedas explica que isso está ligado à própria postura da empresa com o patrocínio.

"Nós não gostamos de comprar muitos anúncios, focamos nesses patrocínios, e na verdade preferimos chamá-los de parcerias. No patrocínio, você só paga para colocar o seu logo lá e fica feliz. No nosso caso, a OKX dá o dinheiro e diz onde ele deveria ser investido, apontando falhas", afirma.

Ele avalia que "a McLaren teve um período obscuro, muitas pessoas duvidavam deles, mas hoje o cenário mudou. Isso nos deixa muito orgulhosos. Agora ela é a número 1, mas deve todo esse período de teste, no pior momento, e os apoiamos 100%".

Um dos próximos passos dessa parceria foi revelado nesta quinta-feira, 19, com o lançamento de um novo design dos carros da McLaren inspirado em Ayrton Senna. O CMO da OKX explica que "Senna é uma lenda eterna e global. Esse ano marca os 30 anos da morte dele, então vimos como uma oportunidade. Além disso, a McLaren está saindo dessa era negativa e sentimos que, ao investir nesse legado, mudaria até o espírito dos pilotos".

Os efeitos do projeto, que começou com uma ação no Grande Prêmio de Mônaco, são avaliados por Rafique como "mais abstrato", mas ele acredita que a melhora dos pilotos da McLaren logo após o GP "não parece ser uma coincidência".

Há, ainda, o objetivo de aproveitar a imagem de Senna para se conectar mais tanto com o público brasileiro quanto global. "Senna é uma lenda brasileira, mas é um ícone global. Entendemos o impacto que ele teve em muitas pessoas e sentimos que ao trazer o legado dele de volta, poderíamos turbinar o esporte e chegar a fãs de outras escudarias. Acho que é uma grande tática de marketing", comenta.

A ideia é "pegar emprestado alguns elementos da era em que ele pilotava, mas sem modernizá-los. Estamos muito orgulhosos com o projeto e animados para continuá-lo em São Paulo. Temos muitas ativações planejadas. O nosso objetivo final não é converter ninguém para a OKX, mas sim deixar que o público nos conheça", diz.

Relação com o público

Para Rafique, ações como a da McLaren buscam "estabelecer e manter a confiança com o público", e não necessariamente resultar em um determinado número de novas contas abertas. "A comunicação é abstrata, requer um toque humano e intuição. Precisamos chegar à emoção das pessoas".

"No marketing, quando você vê uma marca nova, a chance de dar uma chance a ela é baixa. É como sair com alguém. Se no primeiro encontro você já pede a pessoa em casamento, a chance de dar certo é baixa. Não vemos essa parceria com essa meta de converter clientes, mas sim como uma plataforma para demonstrar nosso caráter", diz. Q

Por isso, a meta da OKX é "turbinar a experiência dos fãs. Não é que a OKX seja uma marca com mais alcance, mas sim sobre fazer com que tenham uma experiencia melhor por causa da OKX. É sobre reputação e caráter", destaca.

Outra frente nesse movimento está em "simplificar" a interface mais importante da corretora com o público: seu aplicativo. A lógica, segundo Rafique, é "construir um front end de Web2 para uma infraestrutura de Web3. Queremos apresentar essa experiência de uso tradicional, que as pessoas já se acostumaram. As pessoas não querem uma mudança, elas querem a infraestrutura Web3 com o que já tem de design na Web2".

"Queremos simplificar tudo. Quando uma indústria é construída, ela foca em cuidar da sua comunidade. Mas agora que a indústria já está madura, precisamos focar em cuidar de todo o resto do mundo. Para isso, nos tornamos uma companhia movida pelo design e pela tecnologia, não apenas pela tecnologia", diz.

*O repórter viajou para Singapura a convite da OKX

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