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Litecoin vai na contramão do mercado e sobe apoiado em memes e projeções

Criptomoeda que foi criada para ser alternativa ao bitcoin subiu mais de 20% nos últimos sete dias

Litecoin foi criado em 2011 como uma "alternativa" ao bitcoin, maior criptomoeda do mundo (allanswart/Thinkstock)
JP

João Pedro Malar

Publicado em 22 de novembro de 2022 às 18h26.

Última atualização em 23 de novembro de 2022 às 10h33.

As últimas semanas têm sido difíceis para as criptomoedas, com a maioria acumulando fortes perdas decorrentes da falência da FTX, a segunda maior exchange do setor. Mas há exceções, e uma das que mais descolou dos outros ativos é o litecoin.

A criptomoeda acumula uma alta de 22,5% nos últimos sete dias, de acordo com dados do Coingecko. No mesmo período, o ether perdeu 8,8%, a matic, 7,6%, o dogecoin, 10,1% e o bitcoin, 2,7%. Com seus ganhos acumulados, a litecoin ultrapassou outros pares em termos de volume de mercado, incluindo a Solana e a Uniswap.

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-(Mynt)

O desempenho oposto ao bitcoin é especialmente simbólico para a criptomoeda, já que o litecoin foi criado em 2011 como uma alternativa ao ativo. Os dois possuem diversas semelhantes: não foram lançados ao mercado em ofertas iniciais (as chamadas ICO), possuem uma quantidade máxima que pode ser gerada e a taxa de criação é cortada no chamado “halving”.

Mas também existem diferenças. O litecoin possui um estoque máximo de 84 milhões, contra 21 milhões do bitcoin. Além disso, ele foi criado com um protocolo de geração de moedas, a chamada mineração, que reduziu o seu tempo de processamento de transações. Ao mesmo tempo, isso tornou o ativo, em teoria, menos seguro que a maior criptomoeda do mundo, com menos etapas de verificação.

O poder do meme?

Apesar de ter sido inicialmente planejado como um substituto para o bitcoin, as duas criptomoedas convivem até hoje. Recentemente, em meio ao movimento de alta, os responsáveis pelo ativo tem usado o Twitter para mudar o discurso, focando principalmente em memes.

A cultura dos memes na comunidade cripto é antiga e faz sucesso. O caso mais comum de uso de memes para impulsionar um criptoativo é o dogecoin, mas há outros casos, como a Shiba Inu. As duas estão entre as quinze maiores criptomoedas em termos de volume de mercado.

A conta oficial do ativo no Twitter já publicou diversos memes nos últimos dias. O mais recente destaca que o litecoin foi a criptomoeda com maior valorização nas últimas 24 horas e na semana, sem citar fontes. Outro, que teve mais de sete mil curtidas, comparada a criptomoeda a um carrasco que está matando ativos conforme os supera em volume de mercado, caso da Solana e Uniswap.

O post coloca a Shiba Inu, atualmente 14ª na ranking, como o “próximo alvo”. Atualmente, o litecoin está em 16º lugar, atrás ainda da OKB. A cotação atual da criptomoeda é de US$ 68,97, segundo dados do Coingecko.

A LunarCrush, que realiza análises de mercado sobre criptomoedas, disse no Twitter que “enquanto o mercado cripto está vivenciando outro dia em queda, o litecoin está aguentando surpreendentemente bem com atividades de mercado e social positivas em relação a outros grandes ativos”.

Ou seja, o esforço para fomentar a comunidade de investidores na criptomoeda pode estar sendo um dos motivos para o seu bom desempenho. À EXAME, especialistas também apontaram outros elementos que podem estar ajudando o litecoin.

Adoção e projeções

Pedro Lapenta, diretor de pesquisa da Hashdex, acredita que o principal acontecimento que desencadeou a alta da criptomoeda foi um anuncia há duas semanas do Google Cloud. O serviço de nuvem revelou uma parceria com a exchange Coinbase para aceitar pagamentos em algumas criptomoedas, incluindo o litecoin.

“É uma informação relevante. Desde que ocorreu esse evento, ele entrou em uma tendência de alta mesmo com esses eventos em torno da FTX e da Alameda. Acho que a parceria foi o principal, com uma demanda maior por litecoin”, avalia.

Os próprios responsáveis pelo litecoin destacaram que a criptomoeda foi integrada ao serviço, assim como às plataformas Moneygram e Blockbank. “Está na hora de adicionar o litecoin nos seus negócios”, diz um post.

Além disso, ele aponta dois fatores menores relevantes. O primeiro seriam análises do desempenho da criptomoeda que apostam em um ciclo de valorização que estaria próximo. O segundo é a declaração recente do investidor bilionário Michael Saylor sobre o ativo.

Saylor é um dos principais investidores e defensores do bitcoin, e disse em 18 de novembro que, assim como a criptomoeda, o litecoin também seria uma “commodity digital” pelas suas características de emissão. A fala foi vista como um elogio à criptomoeda, validando algumas teses de investimento, o que pode ter beneficiado o ativo.

Nesse sentido, Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management, lembra que, historicamente, o litecoin “costuma subir forte em relação ao bitcoin em finais de ciclo do mercado como um todo. Tanto em grandes ciclos de alta, quanto em grandes ciclos de baixa. Por esse lado, poderia ser uma esperança de dias melhores pela frente para o mercado cripto como um todo”.

Junto com essa aparente expectativa positiva de alguns investidores, Ludolf lembra que “em 2023 teremos o halving do litecoin, cortando a oferta de novas moedas pela metade”. Por isso, ele acredita que os investidores podem estar se antecipando ao evento importante para a criptomoeda, comprando-a apoiados em uma “narrativa de maior escassez” que “tenha impacto positivo ainda maior no preço”.

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