DeFi, sigla para finanças descentralizadas, é um dos temas escolhidos para a quinta edição do LIFT (putilich/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2022 às 12h00.
Última atualização em 29 de agosto de 2022 às 12h46.
O Banco Central (BC) e a Federação Nacional de Associações de Servidores do Banco Central (Fenasbac) anunciaram no final da última semana os projetos selecionados para a quinta edição do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológica, o LIFT, ecossistema que desenvolve propostas de inovação para o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Dois oito projetos escolhidos, cinco utilizam a tecnologia blockchain e os criptoativos, algo inédito no projeto do BC; dois têm como foco o Pix.
"O LIFT LAB é uma oportunidade de interação com a sociedade na qual apresentamos o valor do BC na construção da inovação no SFN. A divulgação de uma nova edição, agora contemplando oito projetos, representa um importante marco do LIFT LAB, que completa cinco anos de operação", disse o chefe de divisão no Departamento de Tecnologia da Informação do Banco Central, André Siqueira.
Sobre a aprovação de propostas focadas no uso da tecnologia blockchain, algo que não havia acontecido em outras edições, o líder de Inovação da Fenasbac, Rodrigoh Henriques, afirmou à EXAME: "É natural que com o amadurecimento dos casos de uso de blockchain, ativos tokenizados, stablecoins e CBDCs, tenhamos agora uma edição do LIFT com tantos bons projetos conectados com esses temas e tecnologias. Existe uma clara convergência entre pagamentos instantâneos, a abertura de dados do sistema financeiro e a economia tokenizada. Essa convergência que será a questão chave nos próximos anos e o LIFT tem se provado um ótimo espaço para descobrir as melhores soluções para o sistema financeiro nacional".
Entre os selecionados para a quinta edição do LIFT, um dos destaques é o projeto de finanças descentralizadas apresentado pelo Itaú. O banco pretende criar uma plataforma que, através do uso da tecnologia blockchain e de contratos inteligentes (ou "smart contracts") permita a custódia, negociação de ativos e investimentos alternativos de forma descentralizada.
O projeto consiste na criação de um pool de liquidez ("liquidity pool") que utilizam tokens como stablecoins, que terão paridade com moedas fiduciárias como o real ou o dólar, e que funciona de forma muito parecida com os protocolos de DeFi já conhecidos do mercado cripto. O Itaú também teve um segundo projeto selecionado, este focado no uso do Pix com NFC e QR Code Offline.
Além dos projeto dos gigante financeiro, outro selecionado que tem a tecnologia blockchain como base é o Easy Hash, do desenvolvedor Celso Jungbluth, que apresenta uma solução de tokenização de ativos financeiros em blockchain para descentralização do risco do crédito entre diversos credores.
A startup recifense Lovecrypto teve aprovado o seu projeto de interoperabilidade entre o Real Digital e o blockchain Celo, que roda na Ethereum Virtual Machine (EVM). O projeto também prevê a interoperabilidade da CBDC brasileira com o Pix.
Já a Delend Tecnologia teve escolhido o seu projeto de ampliação do acesso ao crédito por pequenas e médias empresas através de uma plataforma digital descentralizada. O projeto da Nest, que quer reduzir custos e complexidades no uso de Cédulas de Crédito Bancário (CCB) através da aplicação de contratos inteligentes e stablecoins, é outro que tem a tecnologia blockchain como protagonista.
Completam a lista de selecionados o projeto do G10 Bank, que visa a inclusão financeira e promove a concessão de microcrédito para pessoas vulneráveis integrantes do G10 favelas, e o Ailos Pix Crédito, que busca criar uma nova modalidade de pagamento e parcelamento facilitado, sem intermediários, com taxas de transações e antecipação de recebíveis menores que as aplicadas pelas adquirentes.
Após a divulgação dos selecionados, a quinta edição do LIFT terá início no dia 12 de setembro, com o começo dos laboratórios. No dia 15 de outubro, está programa a primeira entrega dos participantes, momento que contempla as definições e conceitos e o detalhamento do escopo do projeto no LIFT. Os casos de uso deverão ser detalhados e as principais dúvidas apresentadas nesta data.
Em 15 de novembro, o BC e a Fenasbac esperam a segunda entrega: a primeira versão do protótipo funcional e sua respectiva fundamentação técnica e teórica. Um mês depois, em 15 de dezembro, é esperada a entrega final: o protótipo funcional e um relatório técnico de cada projeto.
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