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Inteligência artificial está tornando golpes mais eficientes, diz CEO da Fortinet

Em entrevista à EXAME, Frederico Tostes destacou desafios e vantagens que tecnologia trás no combate a ameaças digitais

Frederico Tostes, CEO da Fortinet no Brasil, durante o evento Cybersecurity Summit 2023 (Fortinet/Divulgação/Divulgação)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 16h49.

Última atualização em 17 de agosto de 2023 às 10h46.

Uma pesquisa divulgada pela empresa de segurança digital Fortinet nesta quarta-feira, 16, durante o Cybersecurity Summit 2023, apontou que apenas no primeiro semestre deste ano o Brasil registrou 23 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos . O número coloca o país na liderança em números de ataques na região da América Latina e Caribe, e mostra como o tema é importante, especialmente para as empresas.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Frederico Tostes, CEO da Fortinet no Brasil, explicou que o número de 2023 é, na verdade, inferior ao de 2022. A princípio, isso pode parecer uma boa notícia, mas o cenário é mais complexo. "Isso não quer dizer que os ataques resultaram em prejuízos menores", pontua. Na verdade, o número reflete o uso de novas tecnologias por criminosos, em especial a inteligência artificial.

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"O Brasil tem uma média parecida com a do resto do mundo, um pouco acima, mas é porque é um país gigante. O problema é que a gente tem um risco maior, que é o do abandono. O crime acontece aqui e ninguém consegue resolver. Então acaba sendo um ambiente mais amigável ao crime, e a gente acaba sofrendo diferentes tipos de ataque, mais difíceis de identificar", comenta o executivo.

Novas tecnologias e golpes

Tostes destaca que os crimes digitais "vão se adaptando às possibilidades que eles têm". No ambiente digital, isso significa ter a capacidade de conseguir usar diferentes e novas tecnologias e incorporá-las em suas operações. E o mesmo vale para as empresas, que precisam conseguir se adaptar a esse cenário e também aprender a usar tecnologias como inteligência artificial a seu favor.

No caso da inteligência artificial, Tostes explica que os criminosos estão usando a tecnologia "para adaptar rapidamente as ferramentas que eles têm, então fica mais difícil de identificar, fica um ataque mutante". Com a tecnologia, é possível criar golpes e tentativas de invasão personalizadas e adaptadas, pensando nas vulnerabilidades de cada alvo.

Com isso, é possível ganhar mais atacando menos. "Os ataques estão ficando cada dia mais direcionados. Eles procuram o alvo que querem, com seus objetivos, e atacam com diversas ferramentas, achando caminhos diferentes" explica o executivo.

Ao mesmo tempo, a Fortinet também tem usado IA para "detectar mais rápido os ataques, conseguir agregar para associar mais rápido e para evitar um volume de dados muito grande para o cliente. A gente consegue minimizar o volume de informações de falso positivo, torna mais assertivo". Para ele, a tecnologia facilita e acelera a adaptação aos diferentes tipos de ataques que têm sido realizados.

A inteligência artificial resulta em um ganho de eficiência, mas também de uso de mão de obra. Tostes comenta que hoje, em um cenário de bilhões de ataques por semestre, "a gente não tem mão de obra suficiente para combater tudo isso". Por isso, é importante pensar em formas de melhorar o processo e combater os criminosos sem precisar depender de expansão de mão de obra.

"A inteligência artificial tem influenciado muito na redução do tempo de resposta a tentativas de ataque. Ela evita que a gente precise crescer a mão de obra, então a gente consegue automatizar e trazer mais eficiência", diz o CEO da Fortinet no Brasil. Nesse sentido, a meta da empresa é "automatizar mais para não criar uma necessidade de profissionais impossível de ser alcançada".

Apenas no Brasil, o déficit de profissionais no segmento de segurança digital já ronda a casa dos 350 mil. Além disso, o executivo acredita que o país ainda sofre com uma média de investimento por empresas na área de segurança digital inferior ao padrão mundial. E, se o investimento é menor, há menos orçamento para implementar medidas de proteção.

Ao mesmo tempo, Tostes também vê avanços no mercado. Um deles é a redução dos golpes de ransomware — os sequestros de dados de empresas — que tem "caído drasticamente". "As empresas começaram a tomar um cuidado maior com informações, arquivos que vêm de fora", destaca. O importante, na visão do CEO da Fortinet no Brasil, é que, cada vez mais, as empresas invistam para conseguir reagir "rápido e de forma eficiente" às tentativas de ataque, por mais que eles se tornam "cada mais direcionados".

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